4 de abril de 2010

PAIXÃO E MORTE DE CRISTO, tradição religiosa e parte da cultura luziense.

Estive em Santa Luzia para o feriado da Semana Santa – época em que a igreja católica e muitas outras comemoram a ressurreição de Cristo. Foi nesse período, há muito tempo que o enviado de Deus morreu crucificado.


Dramatização da Via Sacra de Cristo, agora feita nas ruas da cidade, muito lindo!


Cruz em chama em simbologia às paradas do Calvário - 1ª parada, Prefeituta Municipal, o julgamento de Cristo.

Desde muito cedo que eu e meus irmãos sabemos o significado religioso desses dias de total concentração de fiéis na igreja. Mamãe, como todo mundo sabe, é católica apostólica romana e nos ensinou tudo dentro das ordens divinas.


Bênção de joelhos, uma tradição religiosa que trouxemos desde a infância e cultuamos até os dias de hoje

Para nós de Santa Luzia, a Semana Santa é tradição religiosa do Cristianismo que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo, mas que já estava empregnada na cultura de nosso povo de uma forma tão inexplicável que todos naquela cidade fazíam as penitências ensinadas na missa pelo padre: o jejum, a benção de joelho, as comidas que eram proibidas como o porco e o boi, as ceias eram rústicas com pamonha, canjica, pé-de-moleque, beiju, bolo de milho e peixe, muito peixe.


O mingau de milho, a famosa canjica - comida típica da Semana Santa


Confecção das pamonhas, o enrolado de pasta de milho e coco que é um sucesso nessa época


O beiju feito da massa de mandioca, a sobra da polpa da farinha


Peixe - a carne branca - iguaria tradicional da culinária nessa época

A minha infância toda eu vivi isso de perto. Íamos para a dramatização na Barraca da Santa assistir à peça que contava desde a celebração da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, que ocorre do Domingo de Ramos, até a sua ressurreição, que ocorre no domingo de Páscoa. Estive lá e percebi que muitas tradições foram modificadas e algumas já até não existem mais, porém, participei de outras que o 47 faz questão de registrar ainda que o tempo passe e a gente cresça.

Me emocionei numa conversa que tive com o pároco de minha cidade, o padre Elias, que hoje é o responsável pelo crescimento do número de fiéis nos cultos e orações a Cristo. Ele, além de padre, e por isso respeitado, é admirado pela sua inteligência e pelo bom gosto no trato que tem com a paróquia.


Padre Elias, grande pároco, grande homem, orgulho do catolicismo da cidade

As tradições estão voltando e as comemorações católicas estão cada vez mais alicerçadas depois que ele assumiu as rédeas da igreja no município. Elogiei o seu trabalho e fiz um comentário acerca de algumas procissões que ele faz questão que aconteçam.


Procissão do Senhor Morto - caminhada de volta à Matriz que tráz o corpo de Cristo após sua morte

Acompanhei a procissão simbólica que retoma o calvário feito por Cristo e que já acontece há dois anos na Br 316, saindo da igreja Matriz em direção ao 48 e achei tudo muito lindo. Os fiéis percorreram um quilômetro em direção ao 48 recordando as 14 paradas feitas também pelo Filho de Deus até a chegada no palco a céu aberto onde se fez a crucificação. Um momento único e emocionante.


O prefeito Louro marcando presença na procissão com a família

Está de parabéns o Padre Elias que tem encabeçado a igreja católica nestes últimos anos com excelentes resultados. Estive na igreja na Quinta-Feira da Ceia, o quinto dia da Semana Santa e a matriz estava lotada. Neste dia é relembrada especialmente a Última Ceia, mas a missa mais esperada é, sem dúvida, a celebração do Lava-pés, onde se relembra o gesto de humildade que Jesus realizou lavando os pés dos seus doze discípulos e comendo com eles a ceia derradeira.


Procissão de adoração feita depois da missa do Lava-pés. Padre Elias encaminhando o povo à Barraca para a vigília

É nesta noite em que Jesus é preso, interrogado e no amanhecer da Sexta-feira, açoitado e condenado. A igreja fica em vígila ao Santíssimo, relembrando os sofrimentos começados por Jesus nesta noite. A igreja já se reveste de luto e tristeza desnudando os altares, quando é retirado todos os enfeites, toalhas, flores, velas, tudo para simbolizar que Jesus já está preso e consciente do que vai acontecer.


Figurino e figurantes da Paixão e Morte de Cristo 2010


Quem entrou na Matriz no dia seguinte percebeu a igreja em luto total, imagens cobertas, estatuas apagadas com panos cor de tristeza e eu entrei na igreja para beijar o Cristo crucificado na Sexta-Feira Santa.


As imagens cobertas por panos roxos simbolizam o luto dos cristãos após a crucificação de Cristo

A Sexta-Feira da Paixão é o dia em que a Igreja recorda a Morte do Salvador. É celebrada a Solene Ação Litúrgica, Paixão e Adoração da Cruz.


O Beijo da Cruz - ação em devoção ao Salvador da humanidade

E à noite foi realizada a narrativa da Paixão: o julgamento, a via dolorosa, a crucificação. Beijei a cruz porque segundo o que minha mãe ensinou beijá-la é gesto simbólico dos fiéis para agradecer a Cristo por seu imenso amor pela humanidade.


As cruzes postas no cenário acéu aberto localizado no km 48, no terreno do Edno Alves


Revivi cada momento daquele relembrando dos meus melhores tempos quando as celebrações eram feitas e vivenciadas por nós de maneira mais intensa e vivas. A dramatização era feita na Barraca e era algo de molhar os olhos. As roupas eram bem confeccionadas e os atores eram sempre escolhidos a dedo. Cada cena da Paixão de Cristo era comemorada com emoção e orgulho pelos que moravam na pequena cidade.


A malhação do Judas - o discípulo traidor.

Sinto que a igreja está mais motivada e o padre tem tentado empolgar os fiéis ao máximo. Rezo pra que a fé não perca a sua velocidade e cresça cada vez mais nos corações do nosso povo porque o que a igreja mantém viva é a memória da nossa história, parte da nossa cultura que deve ser incentivada cada dia mais, independente do credo ou religião, do sexo ou da idade.

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