5 de abril de 2010

EDNALDO LUCENA, do empresário ao ex vendedor de coxinha


E antes mesmo de ter viajado para Santa Luzia, eu já havia combinado com o Ednaldo de fazermos aquele bate papo aqui para o blog. Ele é meu amigo pessoal desde os tempos de criança e eu nunca neguei pra ninguém o meu amor por essa pessoa. Fui à Santa Luzia para o nosso encontro, marcado na ultima vez que estive lá, no aniversário do Nando. Estou me preparando para uma longa viagem a Itapecuru Mirim, cidade onde ela mora hoje. Vou até lá saber como anda o trabalho e o negócio de um dos empresários mais bem vistos nas bandas do Maranhão.


À noite na em visita ao amigo a sua casa: “Meu amor, é você,que honra. Sente aqui, vamos bater um papo!”. Ele não reconheceu o carro porque eu não fui no meu e se assustou quando me viu saindo do veículo, engraçado!

O Ednaldo, hoje com sobrenome por conta do nome empresarial, Lucena, é filho de Santa Luzia. Nasceu por lá e se criou ali, na rua que dá a minha casa. Filho do indescritível Manoel Pinto e da insubstituível professora Olinda da Luz, ele que desde a infância trabalhou no ramo de vendas, foi vendedor de chop, panos e utensílios domésticos, ficou conhecido na cidade como o vendedor de coxinhas. Era cedo quando ele adentrava a nossa casa com a vasilha de alumínio cheia de unhas de galhinha,gritando pela mamãe que o tratava como um filho – e é assim até hoje. Eu ainda dormia quando ele saia para o trabalho sempre muito alegre e falante. Era coroinha na igreja e estudava na Florentina junto comigo. Fizemos catecismo juntos também e na primeira comunhão estávamos todos lá: eu, a Thaisa, a Norinha, a Cassiana, O Celson e outros amigos que conviveram conosco momentos inesquecíveis.


Ednaldo cumprimentando a população antes da entrega das cesta básicas – 284 cestas foram distribuídas para a população.

Fui sua amiga a infância toda e só nos separamos porque o destino nos reservou caminhos diferentes. Eu fui estudar para a capital e ele buscou realizar os seus sonhos caminhando pelo mundo. O Ednaldo desde sempre foi audacioso e sonhador. Quis ser rico porque sofria sendo pobre. Quis vencer porque não se contentava em ser um perdedor. Se perdeu durante muito tempo nos jogos de baralho, não conseguiu se estabelecer numa de suas voltas aqui pra capital e foi e voltou várias vezes para o 47. Não foi feliz sendo o Ednaldo filho do Manoel Pinto. Ele queria mais, queria ter o seu nome escrito em letras garrafais. Viajou muitas vezes a procura de uma vida melhor. Quebrou a cara dezenas de vezes quando tentou fazer mais do que podia até chegar ao Maranhão, numa cidade onde o tio era prefeito. “Ele nem me conhecia!”, me disse sorrindo. “Cheguei lá me apresentando, eu era doido mesmo!”. “Morei lá um tempo e apesar de ele ser prefeito, eu comi o pão que o diabo amassou!”.


Ednaldo aos ouvidos do povo que reclamou por não ter recebido a senha distribuída pelos dirigentes de setores da comunidade. “Tem problema não, esperem ai que eu vou atendê-los!”

O Ednaldo ainda não era o empresário de hoje, mas quis ser. Era papeador, conheceu pessoas influentes, foi se metendo nas conversas alheias e foi se entrosando com gente grande. Conheceu a elite empresarial e se envolveu com os grandes nomes ate ganhar a confiança do Rei do Arroz Maranhense. Hoje é empresário, deixou de ser o Ednaldo Pinto, o vendedor de coxinhas pra ser o Ednaldo Lucena. Tem empresas, carros, caminhões, empregados, firmas e bens materiais. Casou-se com a enfermeira da cidade, tem dois filhos e se diz feliz. Não fosse um detalhe: a política! Maldita seja ela, diria a sua esposa se estivesse escrevendo esse texto. Eu nunca vi alguém tão predestinado. Nunca enxerguei ninguém tão obstinado. Jamais me passou pela cabeça que chegaria de ouvir alguém me dizer que sonha com isso, que deseja isso, que quer isso com todas as suas forças. Eu ria a principio, mas passei a crê no seu sonho pela vontade grandiosa que senti vinda dele. Não o condeno por sonhar. Admiro a sua fé. Aplaudi a sua garra. O Ednaldo é diferente de todos os políticos que eu conheço, ele não quer, ele sonha! Muita gente quer ser prefeito de Santa Luzia. Ele sonha em ser! Falei com ele, tentei convencê-lo de que a vida que ele leva hoje é tranquila e sem problemas, tem dinheiro, uma família linda, carros e imóveis, mas ele disse que isso não basta pra que ele seja feliz. “É sonho, Junia. E eu vou ser prefeito dessa cidade. Quando não me importa, mas eu vou ser!”.


Cestas básica doada por ele às pessoas carentes. Gêneros alimentícios de primeira qualidade: “Quer doar, doe do melhor pra receber o melhor também!”

Não sinto covardia nele, não o sinto cafajeste e nem ladrão. É meu amigo e eu o admiro pela vontade e pela coragem. Sinto vontade nele, desejo de melhorar as coisas. Sei que é um homem muito inexperiente e um menino muito empolgado ainda, mas está lutando por seus desejos de forma honesta. Trabalha, ganha dinheiro e anda investindo pesado nessa sua vontade, que o próprio pai chama de loucura. Eu não vejo assim. Sinto que não é assim e o admiro por isso.


A senhora com o garotinho no colo que mais me emocionou nesse dia: “Le não mastiga ainda , mas eu preciso comer pra alimentar ele”, me disse a mãe triste por não ter recebido o alimento. Fui com o Ednaldo e pedi a ele que desse a cesta a ela. Ele acatou o meu pedido. EMOCIONANTE!

Perguntei se ia se candidatar nas próximas eleições e ele me disse que não sabe ainda. “Sonho em ser mas não quero me empolgar e fazer a coisa errada na hora errada!”. Perguntei quem seria seu parceiro de campanha e chapa numa possível candidatura: “Não sei ainda, mas só entro se a pessoa for honesta, porque dinheiro eu tenho pra fazer o resto!”. “Não é muita audácia sua querer chegar assim do nada e entrar numa campanha com tantos nomes já conhecidos e grandes?”. “Não, nem pensar. Meu trabalho é honesto, meu dinheiro é honesto, meus planos são realizáveis e minhas vontades são as melhores. Não estou chegando agora. Sou filho dessa cidade e só não moro aqui porque ela não me deu condições de vencer na vida. Estou fazendo um trabalho de anos, tenho tempo, sou novo ainda e sei ter paciência. Vou ser prefeito de Santa Luzia, Junia, escreve ai. Quando, eu não sei ainda, mas vou esperar o meu dia chegar”. Ele quer e está fazendo por onde. Já tem grupo formado, nome no cenário estadual e federal e tem gastado muito dinheiro nas políticas assistencialistas. É patrocinador de muitos eventos e tem o seu nome assinado em muitas pequenas obras sociais.


Ednaldo discursando e agradecendo à população pela presença: “Eu ainda não sou político faço o que posso, se pudesse faria mais. Rezem pra que eu ganhe muito mais porque assim no outro ano o numero de cestas vai triplicar!”

Sua casa agora é casa de político apesar de ele não exercer nenhum cargo público. Estive lá e confirmei isso. Centenas de pessoas passaram lá pra tomar o café da manhã recheado de bolo, pão, queijo e tudo o que se podia pensar. O Ednaldo é o tipo de gente pobre que fica rica e é chata pra essas coisas.


No café da manhã lá na casa do Ednaldo – o grupo de amigos que se reuniu no quintal para uma conversa cheia de boas lembranças.

Ele doou quase 300 sextas básicas para as famílias carentes do município e não houve uma pessoa que não percebesse o bom gosto. As cestas eram caprichadas com produtos de boa qualidade (arroz Fazenda, macarrão Ricosa, óleo Soya, milharina Marisa, biscoito cream crak, coca-cola original). “Estou oferecendo o melhor pra receber tudo de melhor também!”. “Se quer doar doe o bem que receberás o bem”.


Na rua centenas de pessoas esperavam a entrega do almoço de páscoa

Deu um show esse meu amigo. Boa sorte, Ednaldo. Sucesso ai na sua empreitada!

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