12 de março de 2010

"Santa Luzia: um quilômetro de felicidade!"


Me inspirei na frase do meu amigo Márcio japonês pra escrever este texto que me alegra e vos alegrará. Estou indo ao 47 neste sábado para a comemoração de dois aniversários, o do meu irmão Nando e o da minha amiga Neguinha da Gorety e, chegar em Santa Luzia, é sempre muito emocionante. Indescritível. A gente passa muitos quilômetros na expectativa de que chegue logo a cidade de Capanema e, quando a gente se vê lá, reza pra chegar o 47. Passar pela fazenda campo 10 é sempre um alívio pra quem está cheio de saudade. Mas nada me alegra mais que a ladeira do José Joca. Chegar ali, naquele ponto do município, além de aliviante é emocionante: lembrar das pedaladas de bicicleta que dávamos nas idas e vindas aos terrenos onde havia igarapés ou açudes para a pescaria. Naquele tempo desafiávamos as leis físicas para descer, numa velocidade imensa, a ladeira numa bicicletinha sem freio e, muitas vezes, com os braços abertos tateando o vendo com o corpo. Havia algo de muito perigoso naquela pirotecnia mas que a nossa adolescência deixava de lado, porque, medo era algo que aqueles moleques do 47 não sabiam o que era de fato. Íamos pegar goiaba, jurubeba e, da cabeceira da ladeira, fazíamos o desafio à natureza: sobreviver à queda, superar o acidente. Não importava o perigo, nem da ladeira nem da velocidade, nem da surra que, sem dúvida, levaríamos de nossas mães, importava viver tudo. TUDO o que hoje recordamos descendo de carro ao volante aquela inesquecível amiga que era a ladeira do 46. Tudo de bom!


E como foi o próprio Márcio que disse - o 47 é um quilômetro de felicidade que começa e termina nas nossas ladeiras. Eu não poderia deixar de fora a ladeira do 48. Inesquecível e indescritível. Fizemos muitas loucuras por lá também, mas ela era temida por nós. Não era qualquer moleque que enfrentava os seus desafios e nem qualquer ciclista que desafiava as suas terríveis tragédias. Ela é uma ladeira de dar inveja a qualquer aventureiro, longa e íngreme era o nosso desafio maior. A ladeira do 48 era considerava perigosa, um desastre em ladeira. Muitos acidentes aconteceram por lá, mortes e tragédias que marcaram a história de Santa Luzia: ônibus lotado virado às suas margens, motos e capacetes destocados, corpos destruídos, mortos . Ela era um desafio personalizado em puro perigo. Olhávamos pra ela amedrontados mas a encarávamos com aquele ar de moleque levado do interior e ela retribuía a nossa audácia. Levamos baitas quedas nela, rachamos muitas cabeças ali, quebramos joelhos, cotovelos mas valeu a pena. Fomos felizes junto dela e, apesar de todo o medo e toda mágoa que ela nos deixou, ela foi canário de muitas de nossas aventuras de meninos do interior. E, hoje, ela continua lá fazendo algumas vítimas e, quando vamos encará-la já de carro, ficamos pensando: "TE PEITEI, DANADA, E SOBREVIVI A TI. TOMA-TE!"

(KKKKKKK) Que saudade!

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