26 de janeiro de 2010

O QUE MUDOU e O QUE PRECISA MUDAR EM SANTA LUZIA? A FEIRA



Numa de minhas viagens à capital do Estado, enquanto esperava o ônibus para o itinerário, lembro de ter ouvido o comentário de um forasteiro: “Já rodeio o Pará quase todo e esta é a segunda cidade onde a feira acontece aos domingos”. O visitante estava admirado com o movimento daquela vila tão pequena e tão agitada num dia que sugere tranqüilidade. Buzinas, caminhões, ônibus, taxis, motos, bicicletas, paus-de-araras e carros de mãos se confundiam numa movimentação que fazia da feira do 47 um dia realmente agitado. O comércio de Santa Luzia sempre foi assim bem movimentado, o lugar fica numa posição estratégica na região onde há escoamento de mercadorias. Agricultores, vendedores, atravessadores, pecuaristas vinham fazer negócios naquela manhã de domingo pra satisfazer as necessidades da semana toda. Comerciantes de todos os ramos lucravam com a movimentação. A troca e venda de mercadorias fazia da cidade, às margens da BR, um lugar curioso. Caminhões e turistas que rasgavam o estado rumo ao nordeste paravam para um lanche assustados com o movimento.
A feira luziense era também o ponto de encontro da juventude, das senhoras e dos amigos. Na feira, os amigos se encontravam pra bater aquele papo, beber aquela cerveja bem gelada e fazer apostas para o jogo de futebol que normalmente começava quando o movimento acabava. Da feira, a agitação que ficava era a da Currutela, bar localizado no centro dos acontecimentos e de onde os torcedores viam o jogo dos times mais queridos da cidade. Ali, a bagunça era generalizada, restos de entulho e lixo que ficava do alvoroço da manhã perdurava por lá misturados com o cheiro de caranguejo e peixe que se confundiam com o cheiro da pirassununga e da cerveja da galera na hora da apitada de gol. Lembro do problema que foi para a prefeitura mudar o dia do acontecimento. Muitos tentaram mas poucos tiveram a coragem de peitar os comerciantes para mudar o domingo da feira para o sábado. Uma confusão. A nova gestão, petista, diga –se de passagem queria a mudança e, para isso, usou de argumentos apelativos: o dia de domingo é para o descanso, o lazer com a família, domingo também é dia de folga para o comércio das cidades vizinhas como Capanema, e por isso, muitos comerciantes daquela cidade vinham vender os seus produtos no 47 e acabavam levando as divisas do município, alegavam os favoráveis à modificação. O povo foi convidado para a reunião, o comércio reagiu, e, só depois de muitas e longas discussões, a feira mudou de data. Hoje ela acontece aos sábados pela manhã. E, para os mais pessimistas, a mudança surpreendeu, aos que diziam que o movimento ia acabar, uma surpresa, a feira acontece firme e forte, com quedas de vendas é preciso lembrar, mas ainda é uma feira muito visitada e bastante movimentada. A mudança da feira é uma realidade e nós não poderíamos deixar passar. E o domingo, como ficou? Bem, o domingo mais parece dia dos mortos na cidade, não há quase nenhum movimento, alguns comerciantes ainda resistem e abrem as suas portas mas no geral, o domingo é dia mesmo de badalação nos igarapés e banhos da região. O Tentugal agora é o ponto de encontro para a cervejada da galera, o Coração de Mãe virou atração turística lá no Muruteua e o Caeté que era muito requisitado virou a última opção pela distancia. Com essa mudança da feira, o 47 ganhou um ar de metrópole onde as pessoas trabalham durante a semana e ao final dela viajam para o interior a fim de descansar na casa com varandas e igarapés. Chique, né? Mudança aprovada, portanto. Parabéns pela audácia e coragem dos idealizadores. Afinal de contas, o lazer também faz parte do desenvolvimento das sociedades.

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