30 de julho de 2010

E O PRÊMIO VAI PARA...

Pensando nisso tudo e em tudo o que eu reflito em dia de folga como este, eu resolvi falar um pouco daquelas pessoas que merecem o nosso respeito por não terem decepcionado tanto - sim porque bastou ser político para decepcionar - mas ainda existem aqueles que seguem uma linha menos agressiva quando o assunto é dinheiro público, verbas públicas e respeito à população.

É sempre bom saudar aqueles que de certa forma são dignos e coerentes com a sua função. Eu ainda não era a professora que sou quando adentrei depois de muito tempo longe aquela sala de aula e sentei meio tímida naquela cadeira de madeira que num súbito movimento meu fazia um barulhinho irritante e suficiente pra chamar a atenção de todos num dia qualquer de aula. A cadeira só não deixava conveniente o outro som vindo do velho ventilador parafusado no centro da sala num teto de madeira e telhas de barro. Barulho de início de noite numa cidade já grande mas ainda com costumes pequenos. Santa Luzia já tinha um pouco de asfalto nas ruas quando eu voltei pra lá depois de muitos insucessos na capital, mas não era tão movida a motor naquele tempo (ano de 2000). A sala do terceiro ano técnico em Magistério era silenciosa porque era cheia de gente como eu, cansada de perdas e empurrões. Éramos adultos e isso facilitada a didática de professores como ele que de tão jovens tinham uma fugacidade invejosa. Cheio de planos e recém chegado da faculdade o professor Edson Farias me entusiasmava – ele e a Rórima, minha professora de Artes. Os dois eram com o tempo o que eu queria ser mas não nas turmas de escola pública.


O Edson Farias era nosso professor de Literatura e fazia o seu ofício com uma ansiedade admirável. Fui colega de classe do Mano, que hoje é medico, da Régia que hoje é o que sempre foi, alegre,louca, ousada e responsável no seu trabalho e nós adorávamos a aula dos dois. E, desde lá, aquele professor magrelo e tido como um dos melhores jogadores de futebol da cidade já tinha planos políticos.


Num tempo em que falar de política ainda não era discurso de campanha ele nos contava de coisas que até hoje eu lembro. Planos e projetos para que aquele ventilador fosse substituído por aparelho de ar condicionado porque central de ar não era uma realidade ainda. Desejo de que a cidade tivesse um campus da universidade, um hospital aparelhado com equipamentos de primeira, torneios de futebol e vôlei, campeonatos intermunicipais.

Mas dentre aulas e poemas de Camões o que mais lhe fazia sonhar era ver um dia o PT na prefeitura. Naquele tempo, eu sei, ele pensou que seria fácil. Ele não, nós.

Aquela leva de gente jovem e idealista que nem sabia direito o que era política gostava de ser chamado de MILITANTE a gente ganhava status quando era seguidor da causa petista, parecia que ser d PT era ser intelectual e a gente gostava daquilo.Revolucionar, ser um revolucionário era mais que um orgulho, era saber que só nós podíamos mudar e abalar as estruturas do poder político.

Ledo engano!Por isso não gosto de criticar o Louro, acho ele ainda um homem honesto e cheio de boas intenções,critico a sua base que não soube o que fazer quando pegou as rédeas do governo e viu que o negócio era diferente e fez o que fez e faz o que ainda faz.

Muitos dos nossos viram de perto que a teoria não igual à prática e que falar que vai fazer não significa fazer de fato.

Eu sai de lá antes de sua vitória política e não votei nele porque o meu irmão Nando decidiu também adentrar esses confins desastrosos da política luziense, mas sei que na primeira campanha obteve insucessos. Foi candidato, somou 341, uma quantidade até maior que a obtida pela vereadora eleita Socorro Saldanha, mas por conta da coligação amargou uma derrota. No segundo pleito conseguiu passar com uma quantidade expressiva (448 votos) e foi eleito vereador do município.

Hoje o Edson Farias é vereador e o lembrete do nome dele é para prestigiá-lo com sendo um dos políticos que menos se envolve com crimes e desvio de verbas e acordos políticos mal feitos. Merece a nossa lembrança, carece do nosso respeito. Não sou fiscal do controladoria do município ou da união mas visivelmente entendo que de lá pra cá, posso afirmar que ele tem vivido com seu salário de vereador e continua sendo uma excelente pessoa: simples, humilde e honestamente.

É vereador e não deixou de ser professor, tem uma casa razoável, digna e condizente com o seu valor líquido, tem uma boa reputação na cidade, não é uma pessoa arrogante e ainda tem cara de homem que não se vendeu às ilusões do dinheiro farto e sujo.


Não mudou nada, ainda hoje joga o seu futebol, é casado com a mesma mulher, tem filho, uma família e ainda vai à Florentina ministrar as suas aulas como sempre...Só que agora com uma diferença: chega de carro e não mais pedalando a sua antiga bicicleta.O que é justo.

Não sou contra as pessoas melhorarem de vida, só renego a ideia de elas virarem mutantes e de uma hora pra outra, aqueles que eram o Daví passam a ser Golias.


PARABÉNS, professor, esta homenagem é pra deixar uma gota de esperança , nem que seja mínima, que ainda existem nesse lugar, pessoas em quem podemos confiar - Não és melhor porque és político.

OBS: E se você tem um político que merece ser lembrado aqui, mande um recadinho pra gente que postamos o texto na maior felicidade. Semana que vem tem mais!

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