11 de abril de 2010
IGREJA MATRIZ: Palco de nossas histórias mais interessantes.
Já fizemos diversas postagens sobre a Igreja da Matriz aqui neste blog. As mudanças arquitetônicas, as novas projeções para o futuro católico do povo luziense, os párocos que marcaram a história da nossa cidade, a pracinha, as missas, as procissões... tanta coisa que as pessoas que não moram no 47 talvez não entendam o motivo da importância dada a essa igreja que foi e é parte da nossa vida.
Já ouvi tanta gente dizendo que as vilas e cidades do interior do estado têm sempre a mesma cara: uma avenida, uma pracinha, uma igreja e uma barraquinha de vender sorvete. Não posso negar que é sempre assim mesmo, passamos na BR 316 e vemos um monte de cidadelas miúdas com uma única rua, sem asfalto e a igreja rodeada por uma praça com árvores e alguns banquinhos desajeitados. O 47 não é diferente, nós que moramos ou nascemos lá temos as mesmas lembranças e as mesmas visões da nossa igreja. Somos um povo católico e aprendemos a rezar o Pai Nosso e a Ave Maria desde cedo, ainda quando éramos moleque. Santa Luzia hoje tem muitas outras igrejas e crenças, assembléias e casas de orações que invadem as ruas e bairros do nosso lugar, mas nenhuma marcou tanto a nossa história como a Igreja Matriz – católica de carteirinha. Não que ela seja a melhor, nada disso, mas aquela igreja, aquele sino, aquelas missas fizeram parte das narrativas que vivemos aos sorrisos e cânticos. Ela era, desde muito tempo, o nosso passatempo. Fazer catecismo era o nosso lazer, assistir as missas era a nossa diversão, ir à igreja era um passeio, o nosso passeio de sábado ou domingo. Nossa cidade não oferecia muitas opções e por isso, rezar tomava o nosso tempo, orar fazia parte da nossa rotina e as voltinhas em torno da pracinha foi tradição da época em que começamos a namorar. Tudo ali na Matriz era parte de nós.
Mas, eu estive lá esses dias e sentei num de seus bancos tentando relembrar o que eu vivi ali dentro, do catecismo aos encontros de jovens, da primeira eucaristia aos casamentos que presenciei lá, das missas aos ensaios de coroinha, dos amigos aos padres que passaram por aquele altar. Muitas e boas lembranças que ficaram em mim e em todos aqueles meninos e meninas que viveram a melhor época dessa cidade – da infância à adolescência ou juventude. Fiquei lá sentada olhando pra tudo e não reconheci o meu cenário. Pra quem viveu aquela época, lembranças serão apenas lembranças,recordações perdidas no tempo e que com amor guardaremos pra sempre no coração, porque a Matriz já não é mais a mesma: da entrada à saída ela está toda reformada e diferente. Do altar aos bancos. Da pintura às imagens. TUDO MUDOU. Pra melhor, é bom que se diga, mas a Matriz de hoje não é mais a nossa Matriz, aquela que ficou em nós. Não mesmo.
Fiz umas fotos pra comparar e eternizar o que ainda resta de imagens desse lugar que foi mais nosso do que a nossa própria casa. Vejamos:
Pra quem viveu em Santa Luzia nas décadas de 70 e 80 quando os padres mais famosos por lá eram o Catel, o Rafael, o Otacilio e o Manoel, deve lembrar desta imagem da Matriz. A Matriz da nossa infância era essa aqui.
Hoje, a Matriz está mais moderna e ganhou um design arquitetônico mais ousado e contemporâneo e, hoje, quem vai à Santa Luzia vê a matriz assim.
As paredes da Matriz eram revertidas em lajotas vermelho-marrons – por detrás do altar até o teto e na assembléia, a uma altura de dois metros. Nas paredes, as imagens em molduras que retratavam as 14 paradas do Calvário de Cristo vindas da Itália, hoje, foram substituídas por pequenos quadros.
Antes, o altar da Matriz era em mármore e havia, atrás dele, uma parede que nos reservava um espaço por onde passávamos sem ser vistos pela assembléia, era atrás dessa parede que os atores das peças que aconteciam durante a missa se arrumavam para entrar no palco improvisado na frente do altar, era ali que os anjinhos subiam para a coroação da santa e era lá também que ficava a eucaristia, numa portinha de alumínio que era sinalizada por uma luzinha vermelha e forte que representava o Espírito e a Carne de Deus.
Hoje, o altar onde o padre celebra a missa é mais espaçoso e foi cuidadosamente esculpido em madeira, e por trás dele, temos uma única imagem de Cristo esculpida em madeira e que está pendurada no centro da parede como se Ele estivesse sentado em seu altar no céu. Muito bonito!
Na foto, vemos a mamãe, o Nando e o Tonho em dia de Crisma juntos do Padre Otacilio. Uma imagem rara que mostra os bancos da antiga assembléia: banquinhos em madeira, rústicos e confeccionados em ripas,tradicionais como a arquitetura antiga da igreja.
Hoje, os bancos são mais largos e bonitos, confeccionados em madeira de lei e em tábuas de angelim. Os antigos ventiladores de teto foram substituídos por modernos ventiladores de paredes reguláveis conforme a necessidade da temperatura.
Aqui, no casamento do Tonho com a Beta, a imagem da Santa Eucaristia, o lugar reservado para guardar o Corpo e o Sangue de Cristo. Imagem tradicional esta, não houve uma pessoa naquela época que não bateu uma foto aqui neste lugar, seja em casamento, em batizado, em primeira comunhão ou em crisma.
Hoje, o espaço está assim, brando e reformado, muito diferente daquele de outrora. Tudo hoje é muito diferente, menos o sino e a torre que continuam os mesmos e ainda trazem consigo as imagens de um passado que foi nosso e ficará pra sempre em todos nós.
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