Na minha quadrilha, só tem gente que brilha...

Ontem, durante a entrevista coma Risó, perguntei a ela que lembranças ela traz na memória e que jamais conseguiu esquecer. “AS DANÇAS JUNINAS, Junia, sem dúvida, aquela quadra, aquele povo, aquela gente toda e a nossa emoção ao representar a cultura junina e luziense!”. Pensei em tanta coisa que ela poderia ter respondido mas a minha amiga foi enfática. AS DANÇAS JUNINAS! E sei o porquê de sua emoção ao relembrar os bons momentos de quadrilha lá em Santa Luzia. Estive lá recentemente e senti calafrios em ouvir a Baixinha e o Dinho falando sobre os ensaios que antecipam as apresentações deste ano. Fiz uma reportagem emocionante sobre o assunto e que agora repasso para vocês. Vamos lá?


Mostra do traje da SONHO DE UM CAIPIRA – adereços e ornamentos de primeira qualidade vindos da capital paulista.

Cheguei ao 47 com a sensação de que era São João e, apesar de estarmos há um mês dos jogos mundiais, não senti naquelas ruas a sensação de Copa do Mundo. Os jovens, a cidade, as pessoas estão mais empolgadas com a quadra junina que com a ideia de assistir ao time do Dunga – agora sem estrelas – entrar em campo. O arrastapé, Risó, ainda faz pulsar o coração do povo luziense. As músicas da roça já estão tocando nos lares, os chapéus de palha já enfeitam as lojas e magazines na avenida, os pares de brincantes já acordam cedo para o ensaio na quadra da escola: a QUADRILHA vai botar fogo na cidade. Anarriê, que as ruas abrem alas para os brincantes.


Baixinha, a coordenadora do grupo posando para o blog feliz com as expectativas para este ano.

Fui à casa da Gorete conversar com a Baixinha, que é quem coordena a quadrilha SONHO DE UM CAIPIRA, e fiquei impressionada com o enredo, o tema e o traje desta dança que já é um sucesso no estado todo e até recebeu convites internacionais.


Eu e a Karen na visita que fizemos a casa da Gorete para mais uma reportagem para o Santa Luzia Ponto Com.

A Baixinha está pra lá de confiante com a apresentação deste ano. A Sonho de um Caipira vem com força total e é do início ao fim, uma homenagem emocionante ao seu irmão e ex-brincante, o Kley, que morreu ano passado vítima de uma fatalidade. Segundo a Baixinha, há dois anos que a quadrilha não havia entrado em quadra por causa de sua ausência na cidade, ela morou em São Paulo durante um tempo e ficou impossibilitada de coordenar os trabalhos do grupo. Mas, como ela me disse, às vésperas da morte do irmão, recebeu dele uma ligação pedindo a ela que fizesse renascer a quadrilha novamente, ela protelou, mas depois que o Kley morreu não conseguiu esquecer o pedido do irmão. Arrumou as trouxas e voltou para Santa Luzia decidida a botar o grupo na quadra. E deu certo! Mal chegou na cidade e a quadrilha já tem 20 pares. Sua apresentação em 2010 acontecerá com 16 pares por conta do valor da roupa que tem um custo altíssimo. O traje completo custará em torno de 10 mil reais e pelo que vi, 10 mil é pouco para a qualidade da produção do figurino, que está sendo produzido com bordados especiais feitos a mão, cetim verdadeiro e ornamentos importados que a Leley, sua irmã, envia da capital paulista.


Adereço das brincantes que representarão a magia do amor no encanto cigano.


Adereço dos brincantes que desfilarão este ano seduzidos pela dança e o charme da alma feminina.

TUDO MUITO LINDO e LUXUOSO. Uma coisa de molhar os olhos e encher de orgulho. Vi as roupas e fiquei impressionada com as ideias que a quadrilha vai por na quadra nos dias de sua apresentação. O tema escolhido pela Sonho de um Caipira é a cultura cigana e o encanto da dança e da arte desse povo que, sem dúvida, estará bem representado pelos brincantes. A Baixinha AMA tanto o trabalho que desenvolve no mês de junho que até tem uma tatuagem com o nome da quadrilha escrita no quadril. AMEI, amiga! PARABÉNS! INVEJÁVEL!

E eu estive também lá no espaço reservado para a quadrilha TRADIÇÃO JUNINA, dirigida pelo meu amigo Dinho. Foi uma visita emocionante essa que fiz porque o Dinho, não coordena apenas um grupo de dança, ele encabeça também toda uma associação cultural, social e educacional que valoriza a cultura, o esporte e a educação dos jovens luzienses. A Quadrilha Tradição Junina é apenas mais um dos projetos desse amigo que me encheu de orgulho durante a nossa conversa.


Dinho e eu com o Grupo Cultural Luziense – lançamento das camisas do grupo.

O Dinho deixou a capital do estado e voltou para o 47 sem muitas perspectiva, começou a assumir o Grupo Cultual Luziense financiado pelo Deputado Adamor Aires, que é bom que se diga, é o alicerce financeiro do grupo e é também quem mantém as atividades culturais coordenadas pelo Dinho. O deputado disponibiliza salário, ajuda de custo, pagamento de viagens e apoio social e estudantil para os meninos e meninas que fazem parte dos projetos desenvolvido pelo Grupo Cultural. UM TRABALHO IMPORTANTÍSSIMO QUE AJUDA A REDUZIR O ENVOLVIMENTO DA JUVENTUDE NA CRIMINALIDADE. Tudo muito lindo e impressionante. Tudo muito admirável e merecedor de meus aplausos: motocross, ciclismo, crostrilha, computação básica, acesso grátis à internet, futebol feminino, acompanhamento escolar, palestras e a quadrilha. Um projeto indescritível e inenarrável. Emociona só em conhecer!

Este ano, a Quadrilha Tradição Junina promete surpresas e traz no enredo sua homenagem ao Artesanato Paraense, que é também o mote de todo o traje de seus brincantes. Uma roupa confeccionada pelos próprios participantes do grupo e que foi desenhada também por eles. Tudo muito lindo e original, roupas interessantes e de bom gosto com requinte de cultura amazônica.


Galeria de figurino dos amos anteriores que faz parte do acervo histórico do grupo.

Sem esquecer de destacar aqui que todas as roupas confeccionadas, tanto pela Sonho de Um Caipira, como pela Tradição Junina está sendo feita por artesãos luzienses e tem gerado renda às famílias envolvidas no processo. Vi coisas impressionantes tanto numa como em outra. Trabalhos que merecem incentivo e que precisam ser mostrados: o artesanato produzido pelo grupo cultural do Dinho é de uma qualidade profissional que dá orgulho. O bordado feito pela Baixinha e pela Gorete nos adereços e roupas da Sonho é de dar inveja a qualquer cidade grande. UM ARRASO. UM LUXO. UMA EMOÇÃO!!!


Salão da sede do Grupo Cultural onde os integrantes expõem orgulhosos suas obras de arte.

Há anos não vou à Santa Luzia na época das Danças, mas depois de ter conhecido os dois trabalhos, este ano irei cobrir o evento e vou homenagear todos aqueles que contribuírem com os patrocínios. Muita coisa não pode ser feita por falta de dinheiro e eu creio que ainda está faltando bom senso para os comerciantes, empresários e políticos para entrarem de cabeça nessa empreitada. Parabenizo aqui aqueles que já estão contribuindo para um e outro grupo cultural. A CULTURA É A NOSSA PÁTRIA, então NOSSO MUITO OBRIGADO para o deputado Adamor Aires, aos empresários Edinaldo Lucena e Edno Alves, à Prefeitura de Santa Luzia, os vereadores, Neguinho do Coco, Socorro, Edson Farias e aos comerciantes Pedro, Décio e ao representante da Radisco.


Artesanato produzido nas dependências da sede do Grupo Cultural para a confecção das roupas da Quadrilha Tradição Junina.

A partir de hoje, o comerciante, o político ou o empresário que ajudar as quadrilhas da cidade, terá uma página todinha aqui neste blog. É uma maneira que eu arranjei de incentivar o apoio ao trabalho desses meninos que, na dança, deixam de estar nas ruas vítimas ou personagens da violência! Vou esperar. A cada doação, a minha homenagem aqui!