15 de junho de 2010

ENTREVISTA: LUCINNHA BASTOS

E depois da entrevista maravilhosa com a Camila Tavares, cantora e intérprete paraense, que estará conosco na Palestra “PRONOME FEMININO”, chegou a vez da Lucinnha Bastos dar o ar de as graça aqui no blog.

A dona Luciete Ferreira Bastos, mais conhecida como Lucinha Bastos, dispensa apresentações porque é hoje um dos nomes mais importantes da música popular paraense, claro! A Lucinnha, com dois ennes, é cantora, violonista, escritora, intérprete, atriz e compositora brasileira, nascida no estado do Pará, mais precisamente em Belém no ano de 1967 e é filha de Luciano Bastos, fundador do Banda Sayonara, de Belém.

Dona de uma voz indiscutivelmente bela e suave, de um requebrado fácil nos quadris, um molejo nos ombros e um sorriso largo é hoje o que podemos chamar de a Elis Regina do Pará.

Sua carreira começou quando ela ainda era muito pequena, começou a cantar com sete anos de idade e já com 18 anos gravou seu primeiro trabalho que já no lançamento surpreendeu a todos e escreveu o nome da cantora no cenário nacional e regional da boa música.

Em 1977 fez sua primeira apresentação no Theatro da Paz, ao lado de Miltinho, no Projeto Pixinguinha. Sua Discografia é extensa e invejável e vai de vinil a Cd e muitos dvd’s. Suas parcerias são incontáveis e a sua competência a fez subir no palco, gravar e interpretar musicas dos maiores nomes da produção regional. Veja:

CD A força que vem das ruas (Lucinha Bastos/ Mahrco Monteiro/ Nilson Chaves); CD Canta Amazônia II (L. Bastos Publicidade Ltda.); CD Canta Amazônia I (Atração Fonográfica, 1998); LP - Mulher - Lucinnha Bastos (produção independente, 1993); LP - Lucinha Bastos (Gravasom, 1987); LP - Eu vou sempre te amar - Lucinha Bastos (RGE, 1984); 1º Disco - Compacto Duplo - Lucinha Bastos (Continental, 1981) e hoje os dvd’s TRILOGIA (parceria com Nilson Chaves e Marco Monteiro), Minha Aldeia (gravado no teatro do Centur) e outros.

Estive com a Lucinnha hoje pela manhã para a nossa primeira reunião que culminará com a palestra no dia 27 deste mês (domingo) e fiquei abismada com sua simplicidade e seu carisma. Uma pessoa extremamente bem humorada de um sorriso contagiante e um jeito indescritível, o tipo de pessoa que nos encanta pelo simples fato de conseguir ser o que é, transparente e emocionante.


Eu e a Lucinnha durante a entrevista - uma honra conhecer e trabalhar junto dessa artista que desde muito sempre foi um ídolo pra mim.

Fizemos algumas fotos, conversamos sobre o projeto e paramos para a entrevista. A Camila também esteve lá e participou comigo da reportagem completa sobre os bastidores do show que as duas farão lá no Ginásio de Educação Física onde acontecerá a palestra!


Lucinnha, eu e a Camila no nosso primeiro encontro para os preparativos da palestra - um encontro emocionante e muito produtivo.

A Lucinnha nos deixou a vontade, disse que eu poderia escolher qualquer música que ela topava o desafio, falou que vai fazer uma palhinha junto com a Camila no dia e que a música que as duas farão juntas é surpresa, um presente para o público. Falou sobre os projetos de sua carreira solo e outros que ainda faz com a Trilogia.TUDO DE BOM PONTO COM! Quer saber em detalhes? Confere aí, então:

Eu: E a vida Lucinnha, como anda?

Lucinnha: Bem. Muitos projetos, muitos shows e muita alegria. Sou uma pessoa confiante, sabe, tenho 30 anos de carreira e já estou acostumada com essa vida mais ou menos que levo. Estou envolvida em alguns projetos com os meninos – Nilson e Marco. Tenho outros projetos pessoais e estou viajando brevemente a São Paulo para uns shows lá . Vou fazer outros shows aqui mesmo eu e um violinista que vem de fora, em julho tenho dois shows especiais programados e a tua palestra que eu estou me preparando com muito afinco e carinho. Enfim, vou tocar o barco. Tudo dará certo!

Eu: As pessoa falam muito sobre você, sua carreira, sua competência, o seu nome, que por sinal, é muito forte dentro do estado, mas e a Lucinnha Bastos, o que pensa sobre isso?

Lucinnha: sei do valor que tem o meu nome para a cultura paraense, assim como o Nome do Nilson, do Marco e de outros, mas não vejo a coisa desse jeito. Gosto do que faço, canto porque amo a música e não gosto de comparações. Tenho medo das pessoas que dizem que eu sou a melhor, eu não vejo assim, acho isso pesado demais. Tenho 30 anos de carreira, canto desde os sete, mas estou aprendendo o tempo todo. Acho que devemos cultivar o amor por todos os nomes dos cantores e compositores e de todos os artistas paraenses, eu sou só mais uma expressão da nossa música, mas tem muita gente boa por aí sim e que merece incentivo e apoio, seja no brega, no melody, no carimbó, na lambada, no sertanejo.

Eu: quer dizer então que apesar de ser a Lucinnha Bastos, você dividiria o palco coma Gaby Amarantos numa boa, sem bronca?

Lucinnha: Claro que sim. Já fiz isso. Cantei com a Gaby num show em São Paulo e tenho orgulho da nossa cultura. Nós precisamos defender isso! O que falta pra nós é unir forças. Os artistas paraenses às vezes são desunidos e por isso , as coisas deixam de funcionar direito.

Eu: E o TRILOGIA?

Lucinnha: Meu amor maior. Nossa, Joana, eu e os meninos criamos uma amizade tão grande depois que nos reunimos para esse projeto! Eu sou como uma mãe pra eles. Encarno ate com o Nilson que ele é o caçula porque os cabelos ainda nem cresceram direito e o Marco é um bebezão – meus amores, meus amigos e meus companheiros. Estamos juntos nessa caminhada e é sempre muito bom caminhar com eles!

Eu: alguém já trocou teu nome ao pedir um autógrafo, por exemplo?

Lucinnha: Não. Não, trocar o nome não, mas um dia eu estava passando na rua e li nos lábios de duas moças a conversa delas enquanto olhavam pra mim. Uma dizia: “Olha ali, olha ali, aquela cantora, aquela famosa, como é mesmo o nome dela, meu Deus?” E a outra disse: “É a Leila Pinheiro, sua lesa!!!”. Eu quase morri de rir. Outro dia, uma senhora, uma senhora simples e humilde, me pediu um autógrafo e eu perguntei: “Qual o nome?” E ela me respondeu: “Pode ser o seu mesmo,minha filha!!!” (risos).

Eu: Você já teve que cantar quando a sua vontade era de chorar?

Lucinnha: Eu já cantei chorando. Chorando muito, inclusive! A primeira vez foi quando a minha avó morreu. Ela era um amor comigo, estava doente e eu soube na hora do show do seu falecimento. Chorei copiosamente e a voz engasgou. Foi emocionante e impressionante pra mim ter que passar por aquilo em pleno palco. A segunda vez foi quando a minha filha teve que ser internada às pressas e eu tinha o show do meu DVD pra gravar. Mamãe me ligou me tranquilizando mas a plateia teve que me assistir debruçada em lágrimas nas duas primeiras canções. Choro de mãe, sabe? Choro forte! Mas teve um dia que foi o que mais me marcou. Eu fui fazer um show beneficente para os menininhos de câncer e fui ao hospital tocar pra eles. Aquilo penetrou tão forte em mim que a minha garganta se recusou a cantar a melodia. Eu olhei para aquelas criancinhas todas pequeninas sem cabelos, carequinhas, barrigudas, branquelas e o meu coração não suportou. Segurei as lágrimas em frente daquelas menininhas e menininhos mas quando cheguei ao banheiro faltei morrer de tanto chorar. Esse dia foi inesquecível!Muito emocionante. Até hoje quando eu lembro...


E a entrevista teve que ser interrompida pelo choro da Lucinnha que ali, na minha frente, começou a desabar em lágrimas. Eu fiquei ali olhando ela se consertar da emoção e vi que todas as meninas estavam chorando também: a May e a Larissa. Olhei pra Camila meio sem graça e esperei alguns segundos enquanto a Lucinnha enxugava as lágrimas...


Ela ficou ali calada e eu encostei o ombro para ela afagar o seu colo e ganhei um abraço, um suspiro e um carinho suave.


FOI UMA DAS COISAS MAIS EMOCIONANTES QUE VIVI!

Nós nos abraçamos e sorrimos...ninguém disse mais nada! Muito linda, a Lucinnha! Muito linda mesmo!


Feliz da vida recebendo o autógrafo nos discos que ela me deu de presente depois da entrevista.

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