16 de maio de 2010

RECOMEÇO...

Fomos hoje à casa da madrinha da May e essa visita me emocionou muito. Muito porque é a primeira vez que faço uma visita a alguém do lado dela – da sua família.


Estamos juntas há dois anos e nunca visitamos ninguém e são poucas pessoas de sua família que conheço e mesmo assim não tenho nenhum contato. A May tem dois irmãos, um que ela não conheceu a vida toda e só viu depois de 23 anos e outro que é o mais novo e com quem ela viveu durante um tempo. Ela tem uma história meio complicada com os dela: tem mãe mas foi criada com a avó, depois com o pai e depois com a tia, a quem ela considera como mãe de verdade. Ela nasceu quando seus pais ainda moravam juntos, mas depois da separação, foi embora para o estado do Maranhão com a mãe biológica que, depois que se casou novamente, deu a filha para os cuidados da mãe, a avó. O pai soube e mandou buscar a menina, que sofreu violência por parte da madrasta e foi resgatada pela tia com quem morou até nos casarmos.


Olha a May aí saindo do It Center toda besta - passamos por lá pra comprar o presente da Yasmin, a aniversariante.

Quando soube do nosso relacionamento, a família inteira foi contra e simplesmente jogou a May para a minha responsabilidade. Eu não reclamo porque a amo, mas acho um absurdo o que fizeram com ela. A ação da mãe foi a pior: mandou a May embora de casa depois que ela confessou que estava se relacionando com uma mulher. A May não tinha pra onde ir, pois o pai mora em Manaus, a mãe em Imperatriz . Eu havia conhecido ela há seis dias, mas assumi a responsabilidade. Lembro do dia em que a mãe deserdou a Mayara e eu fui buscá-la na rua de sua casa, ela chorava angustiada e a mãe dizia que haveria arrependimento e que nunca mais queria vê-la e não quis mesmo. Já são dois anos aqui em casa comigo e nunca recebemos visitas, nunca vieram aqui saber dela e a minha família, graças a Deus, resolveu adotar a May como nossa. Minha mãe, meus irmãos, todo mundo ama a May. Ela é cunhada mesmo. Ninguém tem vergonha. Sei que isso irrita o povo do lado de lá, porque eles torciam pra que desse errado e não deu. SOMOS FELIZES e vivemos bem...


Eu e os espetos dos gatinhos que comi...acho que exagerei no churrasquinho, gente...


Usamos os espetinhos para brincarmos de varetas - amo brincar de varetinhas!

Sei que a May é feliz comigo e com a família que ganhou, mas reconheço que os seus fazem uma falta danada. Eles não ligam no aniversário, não mandam recado pra saber como ela está e quando ela passou no vestibular não teve nenhum parente na festa, nas comemorações ninguém aparece e eu a sinto infeliz com isso. Seu pai é o único que às vezes manda um alô, telefona um mês sim e oito não, mas, pelo menos, disse que a aceita de todas as formas. Pena que ele more muito longe e não possa visitá-la. Eu tento fazer o que posso, mas sei que isso deixa a May menos feliz.


Alex, filho da madrinha da May, gentil e muito educado, um amor.

Ontem ela resolveu visitar a madrinha depois de cinco anos sem vê-la e, por coincidência, era aniversário de uma de suas netas. Fomos lá hoje para a festa.


Dona Bete no maior amor com a afilhada.

Fiquei emocionada e feliz quando percebi que as pessoas daquela casa trataram a Mayara como filha. Ela estava radiante de felicidade. Passou o almoço todo cheia de sorriso no rosto e recebeu o carinho de todos - que me trataram muito bem também. Fiquei por ali nos bastidores observando tudo e pensando que agora ela já tem para onde correr, já pode contar com alguém se der vontade de chorar. ESTOU FELIZ POR ELA que parece ter ganhado de volta um pedacinho de si. Ela que tem duas mães e ficou sem nenhuma depois que resolveu me amar. Ela que tem pai mas não tem contato. Ela que perdeu todo mundo pra ficar comigo. Ela que foi condenada com a solidão por conta de sua opção sexual - está sendo julgada e foi condenada por me amar.

Torço pra que tudo volte ao normal. Eu não guardo mágoas de ninguém, até gostaria de ter uma ou duas sogras, queria recebê-las aqui na nossa casa, mas a vida nem sempre é como desejamos. Só o tempo dirá... Só sei que agradeço a Deus por ter trazido a madrinha dela para o nosso lado. Agradeço por ela não ser preconceituosa e ter nos recebido. Agradeço por ela ter aceitado a May e tratá-la com amor...

Minha família nunca foi preconceituosa, mas nem todo mundo é como a minha mãe ou como meu pai, ou como os meus irmãos...UMA PENA que ainda existam pessoas incapazes de entender certas formas de amar! UMA PENA...

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