4 de setembro de 2010

SAUDADE: palavra triste!

Hoje é dia de nostalgia aqui no Santa Luzia Ponto Com.

Estive olhando umas fotos no arquivo que faço para este blog e fitei numas imagens que fiz na Semana Santa durante uma daquelas chuvas da tarde que faziam a gente tomar caribé na cozinha com a mamãe depois de umas histórias de terror contatas pelo mais velho no quarto escuro sob um cenário de espelhos cobertos por toalhas e televisores desligados e desplugados da tomada...

Impossível olhar para as fotos e não se emocionar...E NÃO SENTIR SAUDADE da NOSSA CIDADE e daqueles tempos e que éramos crianças risonhas em busca de um nada que nunca vinha...






Hoje eu amanheci com saudade. Saudade dos bons tempos em Santa Luzia. Da gente correndo pelas calçadas a procura de nada: só de muitos sorrisos e aventuras. Sinto falta de cada biqueira daquelas casas que fizeram a nossa historia. Das mães dos velhos amigos e as vassouradas que tivemos que receber como pagamento pela danação. Sinto falta das ruas estreitas ainda de piçarra, dos antigos bairros, as ladeiras que embalavam a nossa bicicletinha monareta que pedalávamos muitas vezes sem segurar no guidom, a molecada correndo atrás pra dividir aquele único brinquedo que era do Marcio japonês. Sinto falta dos velhos e bons amigos que brincaram comigo naquela pracinha em frente a Igreja Matriz, quantos joelhos quebrados, puxões de orelha, sermões bem dados. A gente era completo naquela época, época de menino feliz, de criança nas ruas em piras e cirandas. Molecada suada, breada que corria rindo de braços abertos pelas ruazinhas cheias de capim. Sinto falta dos meus amigos de escola, tantos que marcaram a minha vida, inenarráveis contos que fizeram de mim uma criança feliz. Ainda sinto em mim todos aqueles meninos que corriam comigo aos soar da capainha lá da Florentina. Meninada que não gazetava aula por medo de mãe e pai, medo da nota vermelha, pavor de secretaria. Amigos que junto de mim viveram os melhores tempos do mundo: a infância. E eu sinto saudade, muita saudade, da gente correndo por trás da igreja quando a rua nem paralelepípedo tinha ainda, tempos dos namoricos atrás da Matriz, época do primeiro beijo, do diário, das confissões inocentes. Nossa como eu sinto falta dos professores que marcaram a minha e outras tantas vida. Das notas vindas em vermelho e causavam choro, o medo da reprovação a época da recuperação. Tempo em que a mãe costurava as folhas com pauta na máquina pra fazermos as provas diárias. Tempo das apresentações em Sete de Setembro, das comemorações do dia da pátria, o desfile com uniforme completo, a cantoria do hino nacional e o hastear da bandeira. Tempos da intriga, dos amigos que magoavam e ficavam sem falar. Tempo das gincanas e brincadeiras aos domingos na Barraca da Santa. O nosso tempo! O melhor tempo do mundo: quando violência não era ainda realidade. Quando tomar benção dos pais não causava vergonha. Tempos de coroinha na igreja, sábados de catecismo, domingos no Caeté, férias em Salinas, amigo-invisível nos finais de ano. A gente ganhava sabonete e ria das sacanagens. Vestia roupas pedidas nos catálogos da Avon. Pulava carnaval no João Borracheiro e fazia a primeira comunhão. Se benzia antes de entrar na igreja, se confessava e tinha medo de comer a eucaristia sem o perdão do padre. Era muito bom ser criança em Santa Luzia. È muito bom saber que vivemos bons tempos numa época só nossa. Aproveitamos os melhores tempos. Eu, nós, os meus grandes amigos e personagens das peripécias daquelas estreitas ruas, ruas asfaltadas hoje, mas que, se eu fechar os olhos, ainda consigo sentí-las maltratando os meus pés descalços em dias de chuva quando a gente corria de casa atrás de uma vala pra mergulhar... Fomos felizes sem computador, Play Station, DVDs, Orkut ou MSN. Sei disso lembrando das vezes em que a chuva invadia o pátio de casa e a galera chegava molhada pra escorregar na lajota coberta de sabão em pó. A gente fazendo força com o pé e a barriga no chão levando a gente como peixe num rio de lembranças. Lembranças de um tempo. Tempo que passou e não volta mais. INFELIZMENTE!

Um comentário:

J.BOSCO disse...

quando a saudade bate é porque estamos vivendo momentos de pura alegria, embora distante daquilo que se mais amou: a infância.
bjs