PARADA GAY EM SANTA LUZIA? COMO ASSIM, BIAL?!

E sobre a PRIMEIRA PARADA GAY que acontecerá em Santa Luzia, só um comentário:


Acho que o respeito que a minoria homossexual da cidade exige pode ser discutido de uma outra forma.É cedo para um evento desse tipo. Nossa cidade já avançou bastante na discussão sobre a opção sexual e acho mesmo que, para uma cidade tão pequena, o 47 já está ficando liberal até demais. Sou filha de uma família tradicional, meu pai e minha mãe já aceitam a minha escolha, mas eu não me privo de cuidados fundamentais quando estou por aí, não beijo e nem abraço, não forço a barra e não sou capaz de levar a minha família ao constrangimento.

Penso que o respeito pela opção do outro é fundamental para que ele respeite a nossa e por isso acredito que ainda não é o momento de se fazer um movimento desse tipo numa cidadezinha que é tradicionalmente religiosa e que talvez não tenha maturidade para discutir o assunto como gente grande. Antes de uma PARADA HOMO é preciso uma associação LGBT, uma ONG que discuta e prepare os pais de família e a sociedade de modo geral para coisas desse tipo.

Ser gay, não necessariamente é ter que sair por aí levantando uma bandeira afrontando o preconceito dos outros. Ser gay, não necessariamente é ter que sair às ruas para pedir direitos que nem os próprios gays sabem direito do que se trata.

Antes de fazer uma carreata e contratar um trio elétrico é preciso saber se os telespectadores estão realmente conscientes dos seus deveres diante dessa população que hoje já invadiu Santa Luzia e que por bem ou por mal a comunidade luziense tenta engolir goela abaixo. É preciso estudo, status, coerência e trabalho, muito trabalho.

Não é todo mundo que aceita a homossexualidade. Uma parada gay feita assim sem bases e discussões pode manchar de vez a imagem daqueles que já estão à margem do processo de cidadania. Sou gay, casada com uma mulher, professora, filha e mãe e defendo a ideia de que o preconceito é uma lástima, mas lutar contra ele é pior quando não se tem um rumo certo.

Uma Parada Gay numa cidade de machistas, neste momento, pode acabar em violência, em xingamentos e agressões. Depois de uns goles de cachaça, a macharada luziense, que é patriarcal e tradicional até os dentes, pode fazer besteiras, ofender, abusar e causar prejuízos psicológicos e traumas que jamais serão tratados.

É preciso que as pessoas reconheçam a parcela homossexual do município sem que a barra seja forçada, sem que haja confronto de ideologias. Caso contrário, o que poderia ser uma festa em prol da paz entre os diferentes pode acabar numa tragédia social.

Sou a favor da causa desde que ela valorize o combate à homofobia, o respeito pelos homossexuais e o não ao preconceito, mas sinceramente acho que é cedo demais. Se essa Parada acontecer e uma tragédia for inevitável, o público gay de Santa Luzia jamais terá seu espaço de volta. Se o movimento virar pornografia, promiscuidade ou bagunça nenhuma outra hora será o momento certo. Poderemos ter a primeira e só isso!

Lembrem-se todos que a promiscuidade e a falta de discernimento pode levar ao erro e esse erro vindo de uma empolgação momentânea pode ser fatal. Pais e mães luzienses ainda não estão preparadas pra ver um beijo ao vivo e nas cores da bandeira homo, homens e mulheres héteros dessa cidade não estão disposto ainda a encarar abraços e selinhos por mais que para nós seja algo muito normal.

Sou homossexual, não me envergonho da opção que escolhi,mas estudei para garantir o meu direito de casar e viver com uma mulher, vou a Santa Luzia e entro nas casas sem qualquer indício de desrespeitos aos amigos heteros, ninguém nunca me viu aos beijos com a May na pracinha da matriz - e nem verá - porque eu penso que as pessoas passam a te admirar e a te respeitar quando tu demonstras a elas que a opção sexual é menor que a sua capacidade e sua competência.

Talvez por isso eu nunca tenha sofrido o preconceito na minha cidade, nenhum luziense me chamou de “sapatão” pelas ruas onde eu passo, nem os inimigos nem os amigos. Nunca fui xingada e sou recebida por todos no maior respeito. Isso porque eu penso que o respeito a minha pessoa começa quando eu sei e faço o outro ser respeitado. No 47 muitas pessoas são homossexuais e como há um comportamento de serenidade, as pessoas aceitam e até admiram. Para uma cidade como a nossa que só tem 18 anos e que agora que virou gente grande acho que isso já é um bom começo. Pensem bem!

CUIDADO! Na vida, pra tudo é preciso cautela.

Não sou contar o evento, não, nem pensar, mas peço estudo, maturidade. Estarei em Santa Luzia se a data for confirmada, conversarei com as pessoas mas não participarei da passeata se ela não tiver um motivo real, uma discussão justa. Se acontecer em Santa Luzia o que aconteceu em Ananindeua, juro, a parada virará um carnaval, uma festa popular - e a Parada Gay não é isso. Se for para correr atrás de um trio e tomar cerveja, que façam uma micareta fora de hora - a cidade, inclusive, está precisando.

SE PRECISAR É SÓ CHAMAR!!!