Não acontece todo dia. Um projeto de lei nascido na opinião pública passou em primeira votação pelo plenário da Câmara. Tem muito chão pela frente antes de se transformar em lei — mas dá para torcer. Trata-se do Projeto Ficha Limpa, que aportou no Congresso graças a uma iniciativa de juízes, juristas e eleitores em geral, reunidos no Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) com objetivo simples: impedir que cidadãos condenados por ações criminosas escapem da cadeia graças a um mandato legislativo. E à relutância de considerável parte do Legislativo a conceder licença para que seus membros acabem na cadeia.
O projeto ainda tem muita estrada pela frente, antes mesmo de ser repassado ao Senado. Se sobreviver com seus objetivos razoavelmente preservados e for sancionado pelo Executivo, é certo que será contestado nos tribunais. Costuma acontecer com leis que prejudicam interesses de gente com dinheiro. É uma expressão feliz, que expressa o pensamento de muita gente: além da posição dos juízes e promotores, o Ficha Limpa coletou a assinatura de quase quatro milhões de eleitores. Pessoal de Brasília, cuidado: é eleitor que não acaba mais.
Texto publicado no Globo de hoje pelo cronista LUIZ GARCIA . O que o autor diz remete o que eu sei e penso sobre a Campanha FICHA LIMPA, da qual eu me fiz madrinha no Estado do Pará. Estou feliz com o resultado dado pela Câmara e confio naquele que será dado pelo Senado. Só estou triste porque sei que destes quase quatro milhões de assinaturas, a capital que menos colaborou com o projeto foi a nossa, Belém do Pará.
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