9 de junho de 2010

"Se há uma brecha, vou brigar até o fim por ela!"

Estive na casa do casal Luzia Vanda e Neguinho do Coco para uma entrevista sobre os comentários e especulações acerca do ocorrido na Câmara Municipal envolvendo um processo de cassação do, até então, vereador luziense. Uma visita emocionante e cheia de boas revelações.


Cheguei à casa dos dois por volta das 15h e peguei a professora num descanso de tarde de muito sol e pouco barulho. Ela me atendeu num sorriso de boas vindas que me partiu o coração. Me convidou para entrar, deixou um espaço no sofá da sua sala de estar para mim e me confessou com muita emoção a sua angústia diante de tudo o que vem acontecendo com o seu marido e, claro, envolvendo a sua família.

Tivemos uma conversa franca e ela se mostrou por vezes emocionada ao falar sobre o assunto. Disse que a cassação não é um fato consumado ainda, mas que, até o momento, o Neguinho, está sim com seus direitos políticos cassados, não pela Câmara, mas pela justiça comum. Me contou o ocorrido sobre o acidente, dizendo inclusive que ajudou o marido a escolher as roupas para a fuga, mas por temer represálias da população que, naquela época já não falava bem da fama “ruim” que o caminhoneiro tinha, ela temia, por isso, um linchamento ou coisa parecida. Narrou os momentos de transtorno no momento do acidente que vitimizou uma criança e que viu o marido chegar nervoso depois de ter atropelado a menina que brincava na rua e foi pega em cheio pelo seu veículo desgovernado. Afirmou que veio ao hospital aqui na capital e disponibilizou dinheiro para a família da vítima, mas que os médicos recusaram a transferência para um hospital particular por entenderem que a situação era grave e sem muitas chances de sobrevivência. Me contou que depois de confirmada a fatalidade, ainda quis ajudar no pagamento do velório, mas o ocorrido deixou a família da garotinha transtornada e sem motivos para aceitar a ajuda.

O crime aconteceu de fato, a culpa foi comprovada pelo autos e depois de alguns anos, ela lembra que o marido recebeu uma intimação que lhe informava sobre uma sentença que o condenava à prestação de serviços à comunidade, mas que foi transformada em multa e paga pelo vereador.

14 anos se passaram e a família nem esperava que o júri pudesse revalidar o processo e reiniciar um novo julgamento, no qual, mais uma vez o seu marido foi julgado e condenado em segunda instância.A sentença foi dada pelo juiz da Comarca de Ourém e divulgada no Diário Oficial e poderia ser contestada pelo réu, que por direito poderia recorrer da sentença, mas como a condenação foi divulgada no Diário Oficial ao qual o vereador não tem acesso, o condenado perdeu o prazo e as chances de devesa dando plenos direitos ao juiz de ratificar a sentença e tornar o vereador isento de todos os seus direitos políticos e, por isso, o tragédia da perda do mandato. UM CHOQUE PARA O VEREADOR que foi pego de surpresa e sem tempo para recorrer da decisão.

As chances agora são pequenas, mas como ele mesmo disse, “se há uma brecha, vou brigar pela revogação daquilo que me foi indeferido, é meu direito”.

O vereador ainda não está legalmente afastado dos trabalhos de legislador porque, entrando com um processo de contestação da decisão do juiz, ganha tempo, ainda que pouco, de reaver o processo e, quem sabe, retardar a sua saída do legislativo municipal.

E para os que estão direcionado ofensas e ira contra a sua pessoa, ele manda informar que, não vai morrer se perder o mandato, ficará triste e abalado, mas afirmou em bom e nítido som que sabe do seu erro, entenderá e aceitará o valor da sua dívida com a vida.

“Se há uma jeito, vou buscá-lo, mas se tudo estiver perdido, aceito a condenação por entender que cometi um grande erro e que agora a vida e o destino me cobram por isso. Não vou recusar aceitar a minha pena. Deixou o legislativo sabendo que fiz um bom trabalho e ciente que jamais vou me calar. Faço política como um cidadão comum e que por isso tem direito de participar das decisões de sua cidade. Entrego o meu lugar, seja pra quem for, porque não tenho nada contra este ou aquele suplente. Saio, mas saio de cabeça erguida!”

Perguntei à professora Vanda se ela achava que isso fazia parte da dívida que o marido tem com a vida pelas coisas que já fez e aprontou no município:

“Está mais do que provado agora, minha filha, que o QUE SE FAZ AQUI, AQUI MESMO SE PAGA! Deus é justo, meu amor, acredite!”

Eu fiquei emocionada coma professora. MUITO! Vi nos seus olhos a sua angústia diante de um fato que ressurgiu num momento em que os dois mais tranquilos e felizes:

“O Neguinho não é mais o mesmo. Hoje ele é um homem até que calmo. Conversa direitinho comigo, freguenta a igreja e, depois da morte do Jamilson, passou a acreditar mais em Deus, pensa mais antes de fazer as coisas e toma certas atitudes com a cabeça e não co a emoção. Mas é a vida, muita gente não sabe mas a nossa rotina passou por uma reviravolta, aconteceram muitas coisas que só a gente sabe, momentos em que a gente chorou e ninguém viu, o que está acontecendo agora é só mais um desafio que a vida nos impôs, espero sairmos dessa mais fortes”

“Já passei por coisas piores. Antes, quando o Neguinho fazia as coisas deles, eu tinha que acordar na segunda-feira e ir para o trabalho com o nariz levantado, arrasada por dentro e destruída por causa de tudo. As pessoas me olhavam com pena, muitas amigas diziam pra eu desistir, mas eu fui forte, estamos juntos e hoje, sinceramente, eu não me arrependo. Ele é outro homem e eu já não sofro mais. Mesmo acontecendo isso, vejo ele por aqui agoniado, tem dia que nem dorme, foi pra Câmara essa sexta sem saber o que encontraria por lá, foi acusado, ofendido, atacado e chegou de peito aberto. Hoje o alvo é ele. Eu estou de licença e fico aqui e já não encaro mais as pessoas. Estou em casa, graças a Deus e espero que tudo se resolva”
“NÃO VAMOS EMBORA DAQUI. FICAREMOS E O TEMPO NOS DIRÁ O QUE FAZER!”

EMOCIONANTE! Que Deus esteja com a senhora, professora. Que a luta dê bons frutos e que as pessoas enxerguem com bom senso a sua dor. OBRIGADA aos dois pela conversa e pela recepção que foi muito boa. BOA SORTE!

2 comentários:

Anônimo disse...

Temos poucos vereadores em santa luzia que trabalha pelo povo o neguinho é um dele. a maioria só quer saber do seu bolso o FRANÇO é um dele. votei no franço mas me envorgonho e nunca mais na minha vida voto nele por que homem tem palavra não é covarde.

BRUTUS disse...

Ei anônimo me responde quantas pessoas o vereador franço matou? Oi professora Júnia, fiquei tão emocionado com a matéria sobre o vereador neguinho que quase me desmancho em lagrimas,FALA SÉRIO,professora,faça a coisa certa, va la na casa dos parentes da verdadeira VÍTIMA pra voce vê onde reina a mas absoluta tristeza e pare de defender o INDEFENSÁVEL, justiça foi feita, tarde mas foi.