25 de maio de 2010

PERSONALIDADE LUZIENSE: TIA LÍDIA


Estou pensando nesse exato momento na pracinha, como ele era antes das dezenas de reformas, a gente correndo pisando por cima dos banquinhos de mármore e fugindo do amigo nas piras ao redor do coreto que ficava no centro da praça, uma espécie de monumento mal feito que abrigava a santinha dentro de um triângulo de vidro. Não havia outra coisa pra se fazer ali senão aventurar a gazetar a missa e fugir das cintadas do pai por isso. Santa Luzia sempre foi uma cidade muito pacata, tão estática que a diversão da nossa turma era ir à escola. A escola era a nossa diversão, acho que talvez por isso éramos tão sapecas por lá. Fazíamos daqueles corredores o nosso parque de diversão. Era como se tudo ali representasse a nossa liberdade durante algumas horas e talvez por isso, nenhuma diretora pode conter a nossa sapequice. Sabíamos do perigo,mas fazer o quê? A Florentina era o nosso castelo de sonhos e, apesar de ter parecido muitas vezes, a diretora não era uma bruxa, fazia o que podia. Nossa rotina era tão sempre igual que às vezes eu cheguei a pensar que vivia dias repetidos. Vivi por muitas vezes a sensação de ter presenciado as mesmas cenas. Acordar, ajudar a mamãe, ir à taberna para que o papai viesse almoçar, tomar i banho depois de muito grito, botar o uniforme e ir à escola, onde enfim, a liberdade me esperava, apesar de tantas grades e muros. Recreio. Chope de quisuco, unha, pastel fritinho e morno, pimenta no vidrinho de refrigerante. De lá, depois que soava a campainha, a praça era o nosso jardim. O nosso estádio de futebol. E além de tudo, era lá que nós encontrávamos a PERSONALIDADE LUZIENSE de hoje, A TIA LÍDIA! Dentre muito e tantos personagens importantes narrados nos infinitos contos daquele cenário, a Tia Lídia, talvez seja uma daquelas pessoas que não nos pode faltar.

A dona Lídia do tacacá é parte dessa história vivenciada a cada dia por nós. Todos na cidade ouviram aos risos os seus comentários ao servir uma e outra cuia para a tropa de fofoqueiro que sentava ali na calçadinha ao seu lado e danava-se a falar da vida alheia. Tia Lídia ouvia tudo num sorriso inesquecível e num comentário engraçado: “Mas, larga disso, menina, se incomoda com a vida alheia!!” Era a nossa conselheira em dia de tristeza, a nossa amiga em dia de solidão, a nossa mãe quando precisávamos de conselhos. Foi a tia Lídia, mas por infinitas vezes, vez papel de irmã, avó, amiga. Tenho boas e lindas a dessa luziense que fincou raiz em cada um de nós. Deixou seu rastro na nossa memória: desde o tacacá insubstituível, ao sorriso inigualável.

É a nossa mãezona, a vendedora de unhas feitas com massa de farinha e recheio de farofa de camarão mais ilustre. Tudo nela é lembrança de doer o peito: do fugareiro pequeno e velho cheio de brasas, ao jambu pouco no centro da cuia que mal escondia a goma fina e quente que nos ruía por dentro. Do guardanapo amarrado que cobria a tampa da panela ao seu vestidinho colorido, estampado com flores. UMA ROSA. UM AMOR. UM SER ILUMINADO. Estou eternizando a sua memória por pura meritocracia. Estás aqui, tia, ressoando o coração de cada um de nós por puro merecimento e como forma de agradecimento pelas vezes que nos trataste assim tão bem, tão gentil, tão tia, tão mãe e tão amável. O mundo te conhece hoje, tua memória fará parte de cada um daqueles que entrarem neste blog a partir de agora!

TE AMO, e nem pensa em morrer porque jamais seremos os mesmos sem esse teu sorriso. FICA BEM, do jeito como eu te disse quando da minha visita!

Um comentário:

JUIZ disse...

Oi Fessôra, cassaram o seu ídolo, será que o outro que é estadual tambem vai ser,A senhora tem o pé frio foi só elogiar o vereador e ele se ferrou,A gora eu lhe peço,Pelo amor de Deus faça muitos elogios pro adamor tá kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk