23 de janeiro de 2010

O QUE MUDOU e O QUE PRECISA MUDAR EM SANTA LUZIA? A FESTA DAS FLORES




Desde que comecei a participar das atividades sociais de Santa Luzia, eu já conhecia algumas manifestações culturais que chamavam a atenção das cidades vizinhas e, até mesmo, de todo o Estado. Lembro que, antes mesmo, de frequentar a escola Florentina Damasceno, já sabia que ela era muito conhecida por abrigar um dos acontecimentos mais divulgados no território paraense: a Festa das Flores. O 47 era cobiçado no mês de maio e a festança era de dar inveja até mesmo aos bailes da capital. Gente de tudo e quanto é de lugar vinha em visita à cidade para curtir a noite na quadra da escola. Na época, lembro que os turistas chamavam o 47 de "A terra da mulher bonita" e por isso, garanhões de todos os cantos do estado iam para lá aproveitar a beleza das luzienses num arrastapé que, naquele tempo, era chamado de Baile das Flores e pra adentrar o portão de acesso o portador do ingresso tinha obrigatoriamente de estar com o traje tipicamente social. A mulherada comprava corte de cetim, seda pura, algodão do bom, escolhia o modelo nos catálogos da costureira e preparava o figurino dentro do mais irresistível padrão. A Festa das Flores era um evento inesquecível, muita gente da minha cidade deve ter conhecido o marido, o amor de sua vida ali naquela quadra que nem coberta ainda era, ao som das bandas que, ao vivo, faziam a trilha sonora dos casais que até hoje, devem estar espalhados por ai. No último final de semana do mês das noivas, muita gente já saía da quadra da Florentina com o casamento assegurado. A cidade ficava movimentada e pretendentes era o que não faltava. Na época em que a violência ainda não era uma realidade nas pequenas e estreitas ruas da cidadela, jovens agarravam-se aos beijos na escada atrás da igreja e nos bancos ainda de mármore da praça, marcando para sempre as boas e velhas lembranças que fizeram do baile uma tradição luziense e que, sem dúvida, não pode ser deixada para trás. A última vez que estive na festa foi no ano de 2007, ela ainda acontecia na quadra da escola mas o seu formato não era mais o mesmo: o jeans, as camisetas e as alpercatas tiraram o brio da festa. O tecnobrega deu à ela uma roupagem mais popular e as brigas sociais tiraram dela todo o seu glamour. Hoje, a festa acontece no salão do Clube da Piscina e, segundo os comentários, definitivamente a comemoração das flores não é mais a mesma. Fiquei com dó em saber que o povo luziense está perdendo um pouco da sua identidade cultural e que suas tradições já não chamam mais a atenção do grande público.

A última vez que estive no 47, em conversa com o prefeito Louro, ele mesmo me confirmou que tem bons projetos para a data voltar a ser um grande evento e que assim que a quadra que a prefeitura está construindo perto da escola João Gomes ficar pronta, ele, em acordo com a Secretaria de Cultura vai incentivar a divulgação e a volta da festa aos grandes tempos. Tempos que deixaram e deixam saudades...Espero com felicidade, e confio, que o prefeito cumpra o prometido porque sem a Festa das Flores, Santa Luzia nunca mais será a mesma.

Nas imagens, a turma em dia de festa no mês de maio. A movimentação começava cedo na praça da Matriz, nos bares que rodeiam a igreja. Nós ficávamos por lá mais ou menos até a meia noite quando era chegada a hora para a entrada do baile.

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