5 de fevereiro de 2010

O PASSADO É UMA PARADA


Quem deu o ar de sua graça por aqui foi a minha amiga de infância, a Norinha, filha do vereador Neguinho do Coco e da inesquecível professora Vanda. A Norinha era uma das amigas de estudo da época da Florentina, sapeca mais que eu e a Thaisa juntas. Ela gostava muito da Cassiana, a filha da Dora, que por destino, hoje é muito amiga de sua mãe, a professora. As duas viviam juntas num grupinho que contava ainda com a presença da Hélia e da Alessandra sua prima. Fizemos muita bagunça nos dias de aula naquela escola. Lembro quando era dia de vacinação, os assistentes de saúde fechavam a sala e a gente faltava morrer de pânico lá dentro com medo da agulha que nem existia, pois o pavor vinha mesmo do revólver que vacinava a ar comprimido. Era de tirar o fôlego. Naquela época as campanhas eram torturantes e obrigatórias, hoje, vai quem quer e tem consciência. SACANAGEM! Vou aproveitar a passagem desta minha amiga por aqui pra postar um textinho sobre a página “COISAS QUE EU LEMBRO”. A respeito da época das festas de comunhão. Uma tradição na cidade:tínhamos e comemorávamos,o batismo, a comunhão, a crisma e o casamento. Escrevi sobre o assunto no meu último livro “Maria de Moura, a mulher que passou do céu”. Nós tínhamos pavor do padre Otacilho. Amávamos o padre Rafael e éramos apaixonadas pelo Ronaldo, que na época estava estudando pra ser padre: No livro, temos os desmandos da mamãe, a dona Mariazinha, por causa de sua devoção a Deus, leiam o trecho transcrito por mim para entenderem melhor:
[..] Não minto que às vezes essa rotina da mamãe me causava vergonha. Na escola, os meninos chamavam ela de rato de sacristia, puxa saco de padre, beata Salu. Mas pouco adiantava a minha angústia ela era assim mesmo - ai de mim que dissesse isso a ela. Já estou até ouvindo a resposta: “A gente tem que ter vergonha é de ser vagabundo, ladrão e não cristão!!!”. Na minha infância toda e adolescência também, ouvia piadinhas sobre a mania de oração e crença dela. Amigos que cantavam os refrãos das músicas que ela era acostumada a cantar na igreja. Porém, nada me deixava mais invocada do que a encarnação dos meus amigos da turma de primeira comunhão. Mamãe tinha aversão à roupa branca, dizia que eu era muito imunda para usar vestimentas daquela cor. Na minha primeira eucaristia ela conversou como padre para que ele permitisse roupas de outras cores no evento. Aquilo nunca tinha acontecido. Batizado, comunhão, crisma e casamento eram todos celebrados com roupas brancas, mas como a mamãe era respeitadas pelo padre, o bendito Rafael, um italiano que era o pároco naquela época. Trato feito, a Maria colocou um aviso na igreja liberando o rosa e o azul para aquela turma. Tudo bem até aí. Todos iam de vestido e, como eu sempre fui um pouco macho, me recusei a ir. Fiz greve e ela pediu ao padre que liberasse também o uso de conjuntos. E assim foi feito. Ela escolheu a cor da roupa, azul e eu escolhi conjunto. Mamãe comprava sapatos sempre com dois números maior que o nosso pé que era pra não se perder logo. Fiz a preparação. Todos estavam curiosos pra vê a roupa do outro e, quando eu cheguei à igreja, todos já estavam presentes. Só que de vestido e roupa branca. Foi o maior mico. Imperdoável. Eu chorei e o padre tão bom e compreensível disse que justificaria ao público a cor e a roupa dizendo que eu era a representante da turma e que estava vestida daquele jeito porque faria a leitura. Seria uma boa solução se eu conseguisse andar de lá de onde nós estávamos para o altar com aquele sapato gigantesco que escorregava para um lado e para outro sem me deixar dar um passo.
Deus me fez pagar esse mico e como era de bom grado obtive o sacramento. Se esse fosse o único king kong que eu tivesse pagado na igreja, seria cômico[...] Aos que lêem este texto, é só olhar a foto pra entender que pior que ter que passar por isso, foi ter o momento registrado. Na imagem eu e a Norinha, minha amiga de infância, de escola e de comunhão. KKKKKKKKKK. Valeu, Norinha, eu pago mico, mas não pago só!

Um comentário:

Thaisa disse...

Égua, corajosaaaaaaaaaaaaa
colocou mesmo a foto de roupa azul da 1ª comunhão...

kkkkk