18 de fevereiro de 2010
PERSONALIDADE LUZIENSE: BENEDITA SALDANHA
E, na postagem sobre a personalidade luziense, teremos por aqui a visita mais que ilustre e emocionante de ninguém menos, ninguém mais que a professora Benedita Saldanha, a Benezinha!Tarefa difícil essa minha de hoje. Meu coração, sem dúvida, não me deixa ser imparcial porque a Bené é uma pessoa que eu amo – MUITO. E sei que é impossível falar dela sem por no texto as palavras que só o meu coração de ex-aluna sabe escolher. Mas vamos lá, pois me alegra poder em vida deixar registrado a minha impressão que foi eternizada por ela a cada vez que adentrava aquela sala de aula lá da Florentina.
Há situações na vida que é impossível não penetrar em nós. Imagens que marcam como tatuagens na visão e nos sentimentos. Se eu fechar os olhos e fizer um passeio no tempo, é possível que consiga sentir o cheiro e o barulho daquele corredor da escola Florentina Damasceno. Não éramos mais crianças quando adentramos a rotina dos adultos que estudavam por lá. Estávamos crescidos e adentrávamos aquela escola num sonho de infância: estudar na Florentina era a vontade de todos. Colégio de tradição, infra estrutura, merenda escolar, feiras culturais, desfile de Sete de Setembro, Semana da Pátria e a tão falada e elogiada Professora Benezinha.
Está em mim a zoada da campa sinalizando a entrada, naquela época ainda feita pelo portão detrás, grades altas feita em ferro trabalhado seguras num muro mais alto ainda que servia de entrada e de venda dos lanches feitos pelos vendedores ambulantes: dona Maria, o Chicão..Nossa, impossível não lembrar! A campa tocava e nós entrávamos em fila com aquele tradicional uniforme branco de bordinhas azuis com a corujinha pintada num dos lados do peito e o brasão da escola mal feito parecido artesanal. Tudo naquele lugar marcou, mas nada chegou perto do que as aulas dela: a professora Benedita Saldanha. Quantas vezes não escrevi à caneta azul este nome no cabeçalho das provas de Língua Portuguesa. Aquela letra mal desenhada que ela sempre criticava nas correções pessoais. Por ela eu mudei a forma de escrever. Seus conselhos me fizeram, mesmo depois de grande, recorrer às linhas da caligrafia. Nossas terças-feiras eram sempre de muito conhecimento porque assistíamos as aulas dela. Lembro perfeitamente, a Benezinha entrava em sala depois do recreio, a gente na maior fuzarca e ela numa tranquilidade de dar inveja. A Bené respirava paz, nos ensinava sempre de voz baixa, sem muito esforço, parecia flutuar nas letras, dançar com as palavras, viajar nos textos. Minha professora preferida, me desculpe as outras que marcaram também, mas a Bené, foi o meu exemplo. Me ensinou coisas que a gramática nunca foi capaz de resolver. As suas aulas eram sempre de muito bom grado, conversas, conselhos que fizeram toda a diferença. A tia Benedita além de competente, era - é - muito inteligente, profissional acima de tudo, ética em todas as situações que presenciei e honesta nas melhores horas, nos melhores ensinamentos que deu sem recorrer aos livros. Garanto que além das regras gramaticais essa professora marcou pelas regras que nos ensinou pra vida. Boa mãe, excelente irmã, companheira fiel em suas amizades e professora excepcional. Marcou a professora Benezinha: pelo exemplo, pela qualidade de pessoa que é e pela grandeza que foi pra todos nós, os seus alunos que muitos, já na universidade, devem, sem dúvida, ter muito o que dizer sobre a sua entrega ao magistério, a sua dedicação aos ensinamentos das letras, o seu esforço na lida com as pessoas, a sua devoção como seguidora da igreja e seu caráter único, singular e merecedor de muitas homenagens pela pessoa que foi, pela educadora que é e por tudo que nos fez de bom e ainda nos faz. A mim que hoje sou professora de Língua Portuguesa também cabe muito amor e muita admiração. Não sei se ela lembra, mas o primeiro livro quem me deu foi ela: Lígia Fagundes Telles, contos para o vestibular. Me incentivou numa visita que fiz a sua casa muitos anos antes de vir à Belém e tentar a profissão. Tenho a relíquia até hoje e quando alguém me pergunta o que eu quero ser quando crescer, respondo, professora, igual a Benezinha lá do 47.
Sei que a luta é árdua, professora, o magistério, a licenciatura pouco nos dá retorno do esforço e dedicação, mas a você só a nossa mais profunda admiração, será a recompensa por tantos anos dedicados ao nosso futuro e muitos outros que com a sua ajuda, serão brilhantes, sem dúvida!
O senhor a abençoe!Que a paz esteja sempre contigo. Saúde minha mestra, sempre professora Benezinha – cheio de intimidade e muito respeito.
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