18 de fevereiro de 2010

IMPRUDÊNCIA + CONIVÊNCIA = TRAGÉDIA

São chegados a mim e-mail’s e mensagens que pedem um postagem sobre os problemas enfrentados em Santa Luzia e que há anos são discutidos e há muito deveriam ter sido solucionados. Agora, com a morte chocante do menino Kayo, todos querem, de uma forma ou de outra, achar uma resposta pra mais essa fatalidade. Ataques ao poder público pela negligência e a falta de fiscalização nas normas e regras que conduzem o nosso direito de ir e vir - sejamos nós pedestres ou condutores, motociclistas, ciclistas ou motoristas particulares. Críticas aos irresponsáveis que, sem qualquer autorização, fincaram, no meio da movimentada rua, uma lombada irregular e mal elaborada do ponto de vista da sua engenharia. Pesares ao pequeno rapaz que dirigia irregularmente sem capacete ou mesmo habilitação mesmo porque, até pela idade, o direito não lhe foi dado. As pessoas querem um culpado: justiça! Quando o assunto envolve morte, e sobretudo uma morte precoce, como a desse menino, todos querem uma resposta. Quem será o réu? O pai que não barrou os mimos do filho? O prefeito pela péssima fiscalização? O garoto pela irresponsabilidade e empolgação? Os arquitetos que construíram e desenharam a lombada assassina? O dono da moto que cedeu ao amigo a chave do veículo sem se precaver se ele, o condutor, estava dentro dos parâmetros legais? A polícia que não fiscaliza os ilegais que fazem e acontecem nas ruas da cidade?Acho que nesse momento, de nada adiante especulações. Julgar e condenar qualquer pessoa que seja não vai trazer o menino de volta. Certo que todos nós ficamos estarrecidos e que muita, mas muita coisa, está errada na nossa cidade e que é preciso mobilização para um a mudança urgente. Mas desde muito cedo que o 47 deixa livre o trânsito para os menores infratores. Filhos de pais ricos que já aos 15 anos ganham uma moto ou um carro e o erguem como verdadeiros troféus aos amigos, igualmente empolgados. Pais que autorizam os filhos, ainda na adolescência, a saírem por aí motorizados exibindo o carrão do ano.Filhinhos de papai que só agora perceberam que todo carro ou moto é uma arma, uma arma que não aceita desaforo. A educação vem da família, a conversa e a conscientização devem sair primeiro do conselho dos pais. “Não faça isso, meu filho”, “Você é muito jovem ainda”, “Espera a maior idade, menino”. Papo furado de pais da antiga e que fazia toda a diferença quando respeitado. Garantir segurança aos filhos é um direito de pai que ama, que cuida e que sonho em ver o filho crescer. Educar para a vida é também educar para o trânsito, para o vício das drogas, o alcoolismo, o sexo precoce. Não estou querendo jogar a culpa pra cima do pai do garoto, o Edno, porque sei que ele, de fato, não se atentou ao fato, não por ser um pai displicente ou coisa parecida, mas porque na cidade já é tão comum a ilegalidade que a gente nem percebe mais o erro. É tanto jovem no volante de veículos que chega até ser piada querer que o filho espere a idade para a retirada da certeira de motorista. É tanta gente ilegal nas vias públicas do interior que chegar a fazer rir o pai querer exigir do filho o uso dos quites de segurança. Você que lê este texto agora, já imaginou passar pela avenida Castelo Branco em Santa Luzia e ver um desses meninos de capacete e joelheiras? Não, né? Pois é seria o maior vexame. O menino teria trauma, surtos psicológicos. Ora se nem mototaxista no 47 usa capacete. Taxista não usa cinto. As ruas não têm mãos duplas nem preferencial. A avenida Castelo Branco, por exemplo, legalmente até onde eu entendo de trânsito e tráfego deveria ter uma mão pra ir outra para voltar, mas...sem comentários! A coisa é tão caótica que quando eu chego à cidade, não uso cinto. Aqui em Belém é entrar no carro e, antes mesmo de ligar o motor, cinto de segurança pra não levar multa. Lá, esqueço a lei...ou melhor lembro da lei do vale tudo! Ali, vale o carro maior e como o meu é uma Eco Sport, o resto que se dane. É assim que fomos acostumados a pensar. “Estamos no 47, cinto pra quê?”. Irregularidade. Irresponsabilidade. Velocidade. Bebida. Direção. Mistura que, segundo a propaganda causa morte, acidente, imprudência e muito, muito risco a segurança de todos, mas nós, os luzienses parece, estamos nem aí para os índices e números da violência no trânsito. Li no jornal que neste feriado de carnaval tivemos 38 mortes, entre acidentes, latrocínios e genocídios...39, eu pensei, lembrando do menino Kayo. Em Santa Luzia, a cidade parou em luto pela morte do garoto, no resto do estado a folia continuou como se nada tivesse acontecido. Talvez o problema esteja ai, nesse único minuto de silêncio que fazemos no abaixar de um caixão para a cova. Depois do enterro, a vida continua, como se nada tivesse acontecido. Ainda hoje, se eu voltar ao 47 vou ver muitos meninos e meninas na garupa ou no volante de uma moto. Penso que a única mudança mesmo será a retirada da lombada. E, ainda que a prefeitura exija o capacete, esses mesmos meninos continuarão andando por lá com um pneu só fazendo malabarismos em cima de um motor, sem habilitação e em alta velocidade. Enquanto isso não mudar, nem o DETRAN indo em fiscalização vai impedir tragédias como estas. Porque os agentes raspam e punem por um dia, no outro, tudo volta ao normal somado a conivência dos pais. INFELIZMENTE!

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