4 de outubro de 2010

O que eu acho? Uma palhaçada!


O que eu acho? Uma palhaçada!

E nesta manhã seguinte ao domingo de eleição, o sentimento é de esperança. Uma expectativa de que as coisas podem mudar e que os caminhos poderão levar a outros rumos: uma nova ordem, uma nova vida. Infelizmente, aquele sentimento fervoroso ficaria ali mesmo, no quarto, naqueles dez minutos em que, olhando para o teto, eu pensei no verdadeiro sentido da política, o dever da justiça e o direito da escolha: a democracia. Porque depois de conferir alguns resultados, um certeza: Fora o número no calendário (dia 04) e a divulgação de algumas renovações nas câmaras de deputados, nada mudou. Continuamos na mesma. O povo, definitivamente, não acredita mais na mudança – nem na política. Menos na política e é ela, não esqueçam, que faz a mudança real. Votamos pela obrigação de ir às urnas e não pela esperança de que alguma coisa mudará em nós e na vida pública.

Banalizou-se o voto, da mesma forma como tudo o que é importante nesse país: a justiça, as leis, os órgãos públicos, a educação e a saúde. Por isso, a maioria daqueles que saíram de casa no domingo foi para a sua seção eleitoral numa assertiva triste e falha: "Pior que tá não fica!". Por isso também, tantos chegaram à zona com o título para fazer do voto uma espécie de protesto. Assim, Tiririca foi o mais votado em São Paulo e no Brasil, com mais de um milhão e trezentos mil votos, Wagner Montes, apresentador, foi o mais votado do Rio de Janeiro e outros como Romário e Bebeto foram eleitos.

Ter uma câmara de celebridades não me entristece tanto porque ser famoso não torna ninguém menos ou mais competente. O que torna o resultado das eleições frustrante é saber que além de ídolos televisivos, outros ícones políticos tiveram nas urnas uma tietagem estrondosa: Paulo Maluf (estimados 620 mil votos), Jader Barbalho (1.800.000) e Cássio Cunha Lima, ex-governador da Paraíba, ( numa expectativa de mais de 900 mil votos). Venceram nas urnas, os famosos Fichas Sujas - ambos barrados pela Lei Ficha Limpa, mas com um fã-clube de eleitores de dar inveja.

Isso sim é de decepcionar a nossa esperança nas mudanças que precisamos, nos clamores que vêm do povo sofrido e carente de política honesta e de políticos comprometidos com a qualidade dos serviços públicos.

Não condeno aqueles que fizeram o Tiririca ser recordista nas opções para a Câmara Federal, porque os votos dados ao palhaço cearense é mais uma prova de que a população não suporta mais a mentira, a cara de pau, as promessas descabidas, os disfarces dos amigos do povo, os bandidos de terno bem engomados, os corruptos descarados.

A popularidade do humorista “florentino” se deu porque ele, na maior de suas facetas, mostrou, mesmo usando máscaras e maquiagem, de cara limpa o que um deputado faz: NADA!Nada de importante, nada de sério, nada de verdadeiramente inovador.
O voto no Tiririca é de protesto, mas dados ao Jader é de pura ignorância mesmo – problemas no senso critico, deficiência na sensatez, ou fanatismo mesmo.

Jader é o nosso ídolo, a nossa celebridade, tem fãs e é tietado por todo o estado, não foi o senador mais votado, mas sempre é o mais polêmico e cultuado - e amado. Jader é idolatrado por essa gente acostumada com o lema do rouba mas faz, com o slogan “o Jader é o Jader” e com o descompromisso com o nosso futuro.

Gente que ainda acha que política é um jogo de interesses pessoais e não coletivos. Eleitores que inverteram os papéis dos personagens, assim ele é o nosso mocinho e não só por isso, no fim da novela todos nós sabemos: PIZZA!

Meu pesar é que, se aos paulistanos coube o lado bem humorado da trama, a nós, os paraenses, coube a tragédia dos grandes finais. Em Sampa o palhaço foi o vencedor. Aqui, os de nariz vermelhos, acordaram hoje com uma certeza: No Pará, o palhaço não é aquele que aparece na foto da urna eletrônica e sim os donos do dedo que confirmou o voto.

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