11 de dezembro de 2010

HONESTIDADE, PASSE-A A DIANTE


Estive em Santa Luzia para acompanhar o desfecho da reunião que culminaria na decisão sobre quem comandaria os rumos da Câmara Municipal. Muitas especulações, acusações e rixas foram comentadas e confirmadas neste pleito para presidir a cadeira central da grande mesa e, depois do último texto que escrevi para este blog, me coube o dever de cidadã que sou de ir acompanhar de perto como se procederia os bastidores e como terminaria tudo.

Muito se comenta e muito se especulou sobre o comércio que virou a eleição para o cargo de presidente da Casa Legislativa Municipal e eu começo dizendo que pela primeira vez eu vi que a população luziense já consegue ver com péssimos olhos e muita desconfiança a bagunça politiqueira na qual se transformou os acordos entre os grupos de vereadores: CORRUPÇÃO, COMPRA DE VOTOS, DESONESTIDADE! Não se falava em outra coisa a não ser isso nos corredores e vielas de toda a cidade. Cheguei bem cedo, antes mesmo do café da manhã de muitos luzienses entre um olhar e outro nos bastidores comentavam e distribuíam acusações e criticas aos compositores do legislativo de minha cidade.

Ainda às oito da manhã, um pequeno grupo de curiosos e cidadãos entristecidos assistiam junto comigo ao protesto solitário de um luziense que se dizia indignado com todo o mercado de trocas de favores e influências entre os comandantes do poder daquela casa. Faixas e cartazes foram grudados nos portões e por aquele cidadão calejado e agoniado que até parecia ser o único realmente atingido na sua dignidade e em seus direitos constitucionais. Se sentia lesado e gritava isso em alto e bom som. Era contra todos os vereadores e não distinguia nomes e distribuía acusações. Se fez ser visto. Gritou aos que chegavam e fez o seu protesto solitário diante de muitos que ali, naquele momento e em muitos outros, se sentiram acovardados diante dos problemas e das injustiças que os deixam sem chances naquela cidade tão carente de políticas públicas de qualidade. Santa Luzia está calejada também e clama por uma resposta positiva. O povo deixou isso bem claro, mas se acovardou na hora de protestar. “Esse moleque é um doido!” “Coitadinho dele, ninguém nem escuta o que ele diz!”. É esse o grande problema da massa populacional. No aperreio das horas, no sentimento da falta, na necessidade de educação, saúde e lazer, todos são lesados mas só um cria a coragem de dizer BASTA! Pra se ter uma ideia mesmo com dinheiro pra pagar um carro som em mãos, os donos das carretinhas se negaram a ir até lá com medo de represálias. UM ABSURDO! Se eu sou contra o protesto do amigo? Nem pensar! Ele é o que nós deveríamos ser. Ele fez o que todos os cidadãos precisam fazer mas não fazem por comodismo e falta de coragem.

Homens e mulheres desta cidade estão cientes dos problemas, jovens e adultos sentem na pele a consequência de uma política não ética e desonesta mas se tranquilizam na passividade inconsequênte do medo e da irresponsabilidade ao CALAR! Calam- se e por isso tantos prefeitos corruptos e envolvidos em esquemas de compra e venda de votos. CALAM-SE e por isso tantas obras inacabadas e tanto dinheiro desviado. CALAM-SE e por isso tantas pontes e ramais por fazer. EMUDECEM-SE e por isso tantos anos sem um hospital numa cidade com tantos habitantes. CALAM-SE e por isso tantos casos de violência.

Estive desde cedo na frente do prédio da Câmara Municipal e todos – TODOS, amigos ou desconhecidos - que chegavam diziam a mesma coisa: “UM ABSURDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO!”. Mas quantos se juntaram a ele? “Aquele jovem magro que sem noção de tempo e de medo atirava acusações para todos os lados? Pouco mais de meia dúzia! Repito, pouco mais de meia dúzia de uma população atingida em quase 100%.

E se você está com aquela pergunta irônica aí na sua cabecinha: “Ela fala de nós mas ficou lá sem protestar também!!” Sem protestar entre vírgulas. Meu protesto foi escrito aqui num texto que reverberou tanto que foi até citado nas discussões lá dentro enquanto ele – o filho do ex-vereador - gritava lá fora. “Especulações e comentários na cidade e nos blogs sobre esse assunto nos fizeram retirar a nossa chapa!”, palavras do vereador Tião. Que além de ter citado a pressão da imprensa eletrônica, se referiu a mim pessoalmente no seu discurso “Nós perderemos, Junia!?”. Ele me perguntou diante de todos ao explicar os seus motivos.

Vou avisando também que eu não me sinto nenhum pouco responsável por tudo o que tem acontecido em minha cidade por que não fui eu quem escolheu nenhum daqueles que estavam ali ontem. NENHUM! Já diz o grande filósofo e sociólogo: “AO POVO O GOVERNO QUE MERECE!”. Esse povo que já se acostumou a vender o seu voto é o mesmo que critica os vereadores que agora – e desde sempre, não sejamos hipócritas,- compram votos e apoios.

Quem sustenta essa corrupção toda é essa velha cultura luziense que prega que o dinheiro compra tudo. E é o povo que diz isso ao vereador quando na urna vota em quem paga mais. É um ciclo, vicioso e odioso que tem se instalado de forma irresponsável em cada lar e em cada pessoa. Não voto em Santa Luzia. Não queiram culpar a mim pela desgraça que estamos assistindo. Culpem a cada um de si que de forma errada escolheu a pessoa errada para sentar numa daquelas cadeiras. Em cada um daqueles que foram ontem personagem daquela triste e envergonhante história. TODOS! Até o meu irmão, o vereador NANDO a quem eu não posso tecer elogios se fez coisas erradas. Mesmo sabendo que ele, não pagou esses trinta mil. Se errou, falou o que disse e foi irresponsável com seus atos e verbos, que assuma a sua culpa e aguente o peso das consequências.

Lá em casa nosso pai não ensinou a nenhum de nós a ser desonesto. NÃO MESMO! Talvez por isso tantas vezes pedimos ao Nando pra desistir da política. Nossa família não compactua com coisas desse tipo. Meu pai é homem de hombridade, honesto até o último fio de cabelo. e o Nando ouviu todas a lições que eu ouvi um dia também. Lições de que a educação, o trabalho honesto e a dignidade não se compra por migalhas. Se fez o que fez, se foi flagrado dizendo bobagens é porque talvez já tenha aprendido a mais podre das lições – e não dentro de casa eu tenho certeza! Não defendo e nunca assinarei um texto que defenda a possibilidade de achar que ser desonesto é normal. Não! E talvez por isso, ele ali mesmo diante de mim disse que estaria pronto pra defender os pontos e vírgulas da gravação, seu contexto e sua legalidade. É meu irmão e eu o amo – e muito – e sei que é uma pessoa boa e com excelentes intenções mas não devo negar que ele além de meu irmão, de farmacêutico é também POLÍTICO! Eis aqui o seu grande defeito! INFELIZMENTE!!!

Ao povo a coragem. Aos vereadores o discernimento do seu papel, ao personagem do protesto os meus parabéns, ao meu irmão Nando o direito de defesa e o meu perdão. À Lúcia os meus desejos de um bom trabalho. Ao Tião, o meu abraço forte e a minha amizade. A mim um consolo: talvez agora as coisas comecem a melhorar!

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