7 de janeiro de 2010
Bem Vindos ao nosso BLOG
Criei um BLOG. Uma página na internet onde eu pudesse grafar o meu amor, o meu orgulho, a minha esperança. Sou por certidão da cidade de Capanema, mas me criei correndo nas ruas e avenidas do 47. Cidadezinha do interior do Estado do Pará. Sou filha de dona Maria, nasci nas entranhas do rio Curí. Tomei banho na ponte da vagem. Brinquei na olaria. Fiz passeio para o caeté. Pesquei no Piritoró e me cansei às pedaladas nas monaretas em direção à cachoeirinha do Jacarequara. Sou cria do seu Feliciano, nono morador da pequenina cidade e mito vivo do lugarejo. Vendedor famoso pelas piadas, o suco de coco, a abacatada e os doze filhos. Estudei na Florentina, li textos às ordens da professora Benezinha, levei bronca da professora Vanda, sujei o boletim com notas vermelhas bem dadas pela Graça Souza e Araújo. Eu desfilei no sete de setembro na Avenida Castelo Branco. Vesti uniforme azul e branco quando a corujinha de chapéu ainda era pintada no lado esquerdo do peito. Lanchei nos pratinhos de plástico – sopa de letrinhas coloridas, suco de laranja com biscoito maisena. Eu corria no recreio em direção ao portão dos fundos da escola pra comprar sanduiche de picadinho e pão de massa fina, chope de uva, morango, groselha, coco com tapioca. Fui adolescente que namorou atrás da torre em dias de Festa das Flores. Visitei cemitério em dia de finados. Participei das Santas Missões. Sou moleca levada da breca desde os tempos de arraial quando o parque chegava tirando da gente a atenção da velha barquinha movida a impulsos do amigo e o gingar do corpo. Eu vomitei a maçã-do-amor depois de ter ido dar uma volta no espalha-brasa. Pesquei nas barraquinhas, joguei bozó, roleta. Fui batizada nas missas de domingo pela manhã ao som das palavras mal pronunciadas pelo pároco Rafael, o italiano que me convenceu a ser coroinha e a suportar as doidices do padre Otacilho. Fiz comunhão no Centro Paroquial quando a irmã Graça ainda era a professora de catecismo. Me confessei na Igreja Matriz, caí muitas vezes na pracinha de grama. Fui anjo no mês de maio, não coroei a Santa mas decorei todos os cânticos, adorava os ensaios e quase morri de calor naquela roupa feita de cetim. Eu sou luziense. Dancei o SALUDOPÁ pra alcançar nota em Educação Física quando a Olímpia Lucena era professora. Criei a Dança Luziense, fizemos bonito pela cultura do 47. Fui torcedora do PINGO, o melhor time de futebol daquela região – Tarcisinho, Jorginho, Adonias... a seleção dos sonhos. Eu sou de Santa Luzia do Pará. Com orgulho. Com muito amor. Vive lá, os melhores anos: Tirei medida pra roupa na dona Adalgisia, cortei cabelo no seu Gildo, vi o seu Pedro Machado pintar os prédios desenhando as letras imensas e coloridas, comprei fiado na Ana Lúcia, morria de medo do Ozório, corri atrás do carro do ovo, o seu João, busquei laranja no sitio da dona Fátima, desci a ladeira do Zé Joca de bicicleta, fui para o 37 pedalando. Fiz piquenique no Caeté. Comprei roupa na feira, peixe seco no seu Manelão, roubei jambo no quintal do Pitonho, apanhei azeitona na casa do seu Bebé, comprei pão doce no Murakami, bati foto com o Pega Bem e com o Zé Ganan. Já corri do Idelfonso, da Chica do Manuel Rouquinho, da Maria do Mata Bode. Joguei maizena no carnaval, me diverti com o Didi, o Micião e o Adelson vestidos de mulher. Dancei house no João Borracheiro, agito na danceteria do Alonso. Comi panelada na borracharia do WIlsão. Marquei bingo na Piscina. Levei agulhada na bunda do seu Raul, comprei doril no Zé Luizinho, chorei em dia de vacina na escola com aquele revólver que matava a gente de medo. Fui estudante do Magistério. Fiz estágio na João Gomes e hoje sou professora pela UFPA. Sou do 47. Filha de Santa Luzia do Pará. Por isso esse blog. Para que a memória daquele único quilometro de alegria - felicidade encaixotada de uma ladeira a outra, a do 46 e a do 48 e que fizeram da nossa infância um mar de boas lembranças - não se apague esquecida no tempo. Esse blog não é político. Não sou petista, peemedebista ou democrata... sou Santa Luzia. Minha iniciativa não é fruto deste ou daquele amigo político porque sou amiga e gosto de todos – do prefeito Louro, passando pelo Neguinho do Coco até o Deputado Adamor Aires. Este blog é pra relembrar e tornar vivos os contos e personagens que marcaram a nossa cidade. Todos são bem vindos: moradores, perseguidos e perseguidores, visitantes ou admiradores, professores e estudantes. Estamos abertos para diálogos. Prontos para as críticas e sugestões. Essa página é assinada por mim mas também é sua. Textos que precisem ser publicados, notícias que precisem ser expostas...tudo é bem vindo. É só entrar em contato pelos comentários no próprio blog, pelo meu Orkut ou ainda pelo e-mail: joanadarcvieira@yahoo.com.br. Vamos ter semanalmente uma página publicada sobre uma personalidade da cidade. Gente que marcou a história de Santa Luzia: pessoas, políticos, comerciantes, empresários, professores e você pode colaborar mandando sugestões e fotos para as ilustrações. Por isso, para início de conversa, ainda esta semana vou postar o primeiro texto dessa coleção, uma escolha pessoal que vai homenagear, para abrir com chave de ouro essa página, uma cidadã que marcou a vida política e social de nossa cidade. Um texto sobre a vereadora Lúcia Machado, personalidade admirada por muitos e odiada por vários. Vamos conhecer um pouco da sua história, a carreira política, as lutas sociais e as vitórias eleitorais dessa grande mulher que, sem dúvida, merece inaugurar a esta página nesse início da minha carreira blogueira.
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